segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Britânia(Bretanha)

Britânia (Britannia em latim) é o nome dado pelos romanos à província que ocupava o sul da atual ilha da Grã-Bretanha. Como província romana, existiu entre os séculos I e V.





























Primeiros contatos

A Britânia não era desconhecida para o mundo clássico. No início do século IV a.C., quando gregos e cartagineses trocavam estanho com os bretões, as ilhas Britânicas eram conhecidas pelos gregos como as Cassiteritas ("ilhas de estanho"). O navegador cartaginês Himilco é apontado como tendo visitado a ilha no século V a.C., e o explorador grego Piteas no século IV a.C.. Piteas explorou quase todo o litoral da ilha até o ano 325 a.C. e escreveu uma descrição bastante detalhada sobre sua geografia e habitantes. A ilha da Britânia tinha sido habitada por populações diversas até que, no século IV a.C., chegaram os celtas, os quais empurraram a ditas populações até as regiões periféricas. Mas ainda era considerada um lugar envolto em mistérios, tanto que alguns escritores ainda negavam sua existência.

Invasões da Britânia por Júlio César

Júlio César efetuou duas expedições à ilha nos anos 55 a.C. e 54 a.C., derrotando o rei Cassivelauno (Cassivellaunus), mas sem chegar a consolidar a incursão e sem terminar de dominar os moradores da ilha, pois as revoltas na Gália e as pressões de Pompeu e Crasso obrigaram-no a regressar ao continente. Os britânicos comprometeram-se a jurar fidelidade a Roma e a pagar tributo.

Conquista romana definitiva

Quase um século depois, no ano 43 d.C., o imperador Cláudio organizou uma invasão com seu general Aulo Pláucio a frente da força invasora, que contava com quatro legiões. Os historiadores discordam acerca dos motivos que levaram o imperador a empreender a conquista ainda que muitos afirmem que foi o desejo de obter fama e boa reputação entre os romanos já que suas deficiências como imperador eram evidentes. A desculpa formal para iniciar a conquista estava no fato que a Britânia tinha grandes vínculos de entendimento e comércio com os belgas da Gália através do canal da Mancha, pelo que Cláudio e seus conselheiros pensaram que a Gália não estaria nunca segura sem a anexação da Britânia. O próprio Cláudio assistiu à campanha durante algum tempo e, entusiasmado pelo êxito obtido, quis perpetuá-lo dando o nome de Britânico a seu filho.

Entretanto, os enfrentamentos foram duros. Depois do desembarque em Richborough, os filhos de Cimbelino (Cunobelinus), líder da confederação das tribos dos catuvelaunos e os trinovantes, Carataco e Togodumno ofereceram uma grande resistência, mas, tomados pela surpresa pela invasão, foram derrotados. Pláucio acampou à espera do imperador, a cuja chegada, procederam a tomar a capital de Cimbelino, Camulodunum (atual Colchester), o que provocou que numerosas tribos britânicas (atrebantes, icenos e brigantes) aceitassem a soberania romana.

Entretanto, Carataco tentou organizar a facção anti-romana, forte nos vales e montanhas galesas. Os quatro anos seguintes foram utilizados pelos romanos para consolidar suas posições romanas no sudeste, sudoeste e nas Midlands. Para o ano 47 d.C., a fronteira provincial estava constituída por uma linha imaginária que ia de Exeter a Lincoln. Chichester se converteu no principal centro romano da ilha. Neste ano, Pláucio foi sucedido por Ostório Escápula, quem iniciou o ataque contra as tribos rebeldes de Gales, os siluros e os ordovicos, a mando de Carataco, que foram derrotados no ano 49 d.C.. Carataco fugiu e buscou refúgio entre os brigantes, tribo que ocupava o norte da atual Inglaterra, mas foi entregue por sua rainha, Cartimândua, aos romanos. Paralelamente, no ano 49, criava-se a colônia romana de Camulodunum.

A derrota de Carataco, entretanto, não trouxe consigo a conquista de Gales, coisa que não ocorreria definitivamente até quase dez anos depois, baixo o mando do procônsul romano Caio Suetônio Paulino. Paralelamente, os romanos apoiavam à facção pró-romana dos brigantes, encabeçada pela rainha Cartimândua, que manteve uma política pró-romana frente à facção anti-romana liderada por seu marido (finalmente, no ano 71, o reino dos brigantes seria anexado por Roma).

Entretanto, entre os anos 60 e 61, começou a rebelião dos icênios, a mando de sua rainha Boadiceia (Budicca ou Boudicca), descontentes pela anexão de seus territórios efectuada pelos romanos. Apoiada por outras tribos, como a dos trinovantes, lutou com grande dureza e conseguiu inclusive expulsar da cidade de Londinium (atual Londres) a Suetônio Paulino ainda que finalmente este acabou com a rebelião. As colônias romanas de Camulodunum, Londinium e Verulamium foram destruídas. Estima-se que entre setenta e oitenta mil pessoas foram mortas nas três cidades. O governador romano, Suetônio Paulino, reuniu duas legiões e derrotou os revoltosos em batalha na qual a proporção das tropas era de vinte para cada romano. Depois desta revolta, começou um período mais tranquilo, ainda que não longo de novas rebeliões, que possibilitou o começo da romanização.

Com a conquista de Cláudio, Britânia passou a ser província romana regida por um governador. Desde seu início como nova província .ofereceu a Roma uma grande insegurança pelo que teve necessidade de uma constante presença militar, sobretudo ao norte e ao este da linha formada pela calçada de Exeter a Lincoln (antiga Lindum). Teve contínuas revoltas, pelo que foi necessária a execução de grandes obras para facilitar o acesso das legiões até ao norte. Uma destas obras foi a construção de uma ponte sobre o rio Tâmisa. O governador Gneu Júlio Agrícola se viu obrigado a dirigir uma nova expedição militar para submeter à tribo celta dos ordovicos no ano 78, localizada no que hoje é Gales e dois anos depois chegou até à Caledônia (atual Escócia) onde as tribos dos pictos conservavam a sua independência.

Em 84, deu-se a batalha do monte Gráupio, no norte, na qual as tropas romanas derrotaram decisivamente à confederação caledônia (Tácito cita 10.000 mortes entre os caledônios, nome que os romanos davam aos pictos). Os romanos terminaram por recuar após a batalha para uma linha mais defensável ao longo do istmo de Forth-Clyde. No início do século II, a fronteira recuou um pouco mais para o sul, na linha do istmo de Solway-Tyne. Adriano viria a ordenar a construção, naquela linha, a partir de 120, da famosa muralha que levaria seu nome.

As sucessivas revoltas de tribos locais exigiam a manutenção, na ilha, de pelo menos três legiões, o que conferia a um governador ambicioso a base para uma rebelião em busca da dignidade imperial. Ao longo de sua história, a província assistiu a rebeliões militares e a usurpadores imperiais. A tentativa, da parte de Septímio Severo, de solucionar este problema - a divisão da província (e do poder militar) em duas, Britânia Superior e a Inferior (início do século III) - logrou manter a paz na região por pouco menos de um século.

Nova rebelião da parte de um usurpador, no final do século III, levou o imperador Constâncio Cloro a redividir a província em quatro:

· Maxima Caesariensis (sediada em Londres);
· Britannia Prima;
· Flavia Caesariensis; e
· Britannia Secunda.

Esta divisão integrou a reforma administrativa de Diocleciano (293). A Britânia tornou-se uma das quatro dioceses (governada por um vigário) da prefeitura das Gálias.
No século IV, o território começou a ser atacado por saxões, a leste, e por irlandeses, a oeste. Uma série de fortes costeiros foi construída com o propósito de preveni-los.
As crescentes dificuldades romanas com os bárbaros no continente durante o final do século IV e no século V fizeram com que tropas romanas fossem gradativamente retiradas da Bretanha. Um usurpador, Constantino III, levou suas tropas da Britânia para a Gália em 407, onde foi derrotado por Constâncio, magister militum (posteriormente nomeado Augusto como Constâncio III) de Honório. Em 409, os bretões expulsaram a administração civil romana.
Os ataques saxões recrudesceram e, eventualmente, o sul da ilha foi ocupado por estes em cerca de 600 d.C. Muitos bretões refugiaram-se na atual Bretanha francesa (Bretagne), donde o nome.

Fonte: Wikipédia


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► A »Cortina de Ferro«
da Antiguidade


► O Comércio no
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► Invasão da Bretanha:
os lobos que vieram do mar

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