A sua capital era a Colonia Iulia Vrbs Triumphalis Tarraco, a atual Tarragona, (Catalunha, Espanha). Fazia fronteira a sudoeste com a Lusitânia e Bética e a nordeste com a Gália Aquitânia e Gália Narbonense.
Depois da queda do Império Romano do Ocidente, a província seria dominada pelos Visigodos e mais tarde parcialmente tomada durante a invasão árabe da Península Ibérica.
Limites e extensão
A província Hispania Citerior Tarraconensis, no seu momento de maior extensão, abrangia as duas terceiras partes da Península Ibérica, e compreendia as regiões a norte e a sul do Ebro, dos Pireneus a norte até Sagunto a sul, o vale de Douro, exceto a zona da sua margem meridional entre o Tormes e a sua desembocadura em Cale (Porto, Portugal), os vales do Tejo e do Guadiana até os limites com a Lusitânia, e o extremo oriental de Andaluzia, a leste da fronteira da Baetica que discorria de Cástulo (Linares), passando por Acci (Guadix) até a Baía de Almeria, ficando estas zonas (que durante vários anos pertenceram à Baetica) em território tarraconense; a leste limitava com o mare Nostrum -mar Mediterrâneo-, e a oeste com o Oceano Atlântico e a norte com o Golfo da Biscaia e a cordilheira dos Pireneus, que a separava do sul da Gália, ou seja, das províncias romanas de Aquitânia e Gália Narbonense.
A Gallaecia e a Cartaginensis foram cindidas posteriormente da Tarraconensis, ambas no século III, e a Balearica da Cartaginensis, em finais do século IV, sendo transformadas em províncias independentes.
Organização administrativa
Por decisão de Augusto em 27 a.C., a Tarraconensis foi uma província imperial, assim como a Lusitânia, enquanto a Bética foi senatorial; a Tarraconensis tinha categoria consular, enquanto as outras duas províncias eram de categoria pretória.
À frente da Tarraconensis encontrava-se o governador da província -Legatus Augusti pro Praetore Provinciae Hispaniae Citerioris Tarraconensis-, cujo officcium se encontrava na capital provincial, a Colonia Tarraco. À época de Augusto e Tibério, segundo indica Estrabo, tinha como subordinados três legados à frente de três legiões, que ficaram reduzidos a dois sob Calígula e a um a partir de Nero.
As grandes dimensões da província determinaram que, em algum momento entre Tibério e Cláudio, o governador recebesse como auxiliares na administração de justiça sete legados, chamados legati iuridici, à frente de conventus iuridicus. Estes legati eram nomeados diretamente pelo imperador. Os sete conventos jurídicos da província eram:
· Lucensis, com capital no Municipium? Lucus Augusti (Lugo).
· Bracarensis, com capital no Municipium Bracara Augusta (Braga).
· Asturicensis, com capital no Muncipium Asturica Augusta (Astorga).
· Cluniensis, com capital na Colonia Clunia Sulpicia (Coruña del Conde).
· Carthaginensis, com capital na Colônia Carthago Nova (Cartagena).
· Caesaraugustanus, com capital na Colônia Caesar Augusta (Saragoça).
· Tarraconensis, com capital na Colônia Tarraco (Tarragona).
Em cada uma das sedes conventuais, foi organizado o culto imperial, dedicado aos genii imperatoris e aos imperadores divinizados, com um sacerdócio próprio masculino -flamines augusti- e feminino -flaminicai augusti-, eleitos dentre as elites das comunidades privilegiadas - coloniae muncipia - da província. Anualmente, eram designados dentre eles a um flamen e uma flaminica -não era estranho que fossem casal- para se ocuparem do culto imperial na província, desempenhando as suas funções no foro provincial da capital da província, a colonia Tarraco.
A administração financeira da Tarraconensis, pela sua vez, dependia de um procurador imperial -procurator Caesaris-, nomeado diretamente pelo imperador dentre os membros do ordem equestre, cujo officium também tinha a sua sede na capital da província. Contudo, a partir de finais do século I ou começos do século II, a zona de mineração aurífera do noroeste da província começou a ser administrada por um procurador específico -procurator metallorum-, cargo desempenhado normalmente um liberto imperial, que tinha a sede do seu officum em Asturica Augusta, capital do conventus Asturicensis. Os procuratores dependiam diretamente do imperador e não do governador provincial, embora ambos os cargos devessem colaborar para a correta administração da província.
Os séculos IV e V
A partir de 400, a situação do Império Romano do Ocidente tinha-se voltado crítica, pois a atuação de Estilicão para conter os Visigodos de Alarico tivera sucesso à custa de reduzir as guarnições do exército imperial sobre o Reno sob o mínimo necessário para garantir a segurança fronteiriça, de maneira a que Vândalos, Suevos e Alanos, conseguiram cruzar a fronteira imperial e invadir a Gália em 406.
O governo de Honório em Ravenna foi incapaz de responder a esta nova ameaça, e o governador da Britânia proclamou-se imperador como Constantino III e, com as suas tropas, entrou na Gália. Os povos bárbaros mencionados, em 409, pressionados por este último exército romano organizado, apesar dos esforços de Dídimo e Veriniano, parentes de Teodósio, Honório e Arcádio, ajudados por Gerôncio, general do usurpador Constantino, entraram na Península pelos Pireneus ocidentais.
A Tarraconense foi a única província que não foi diretamente afetada por Suevos, Vândalos e Alanos, mas, pouco depois, os Visigodos, tornados em federados do Império e instalados ao sul da Gália, com Tolosa como capital, dirigidos pelo seu rei Ataúlfo, entraram na Hispania para submeter à autoridade imperial as zonas ocupadas pelos povos anteriores, bem como para reprimir a bandidagem local dos Bagaudas na zona do vale do Ebro, em torno de Caesaraugusta. Embora os Visigodos agissem em nome da corte imperial de Ravenna, conseguiram assentar bases sólidas na Península, agindo em nome próprio e já não abandonariam nunca o solo hispânico.
Prova da saída da Tarraconensis, e de toda Hispania da órbita imperial é a detenção da chegada de moedas imperiais, pois os últimos exemplares que se encontram na Península correspondem aos primeiros anos de Honório no Ocidente e a Arcádio no Oriente.
Pouco depois, o rei Eurico, frente da debilidade da corte de Ravenna, voltou para Península, para incorporar o território ao seu reino, realizando uma campanha brutal, com numerosas matanças e saqueus, relatado por Idácio de Chaves, de maneira a que, por volta de 456, a Tarraconensis se converteu numa parte mais da Visigotia, e o Império teve de ampliar o seu foedus com este povo, reconhecendo de fato a sua independência e a saída da Tarraconensis e de toda a Hispania da órbita imperial.
Em 459 o imperador Majoriano visitou a província, caminho de Carthago Nova, onde estava reunindo-se uma frota do Império do Ocidente e do Império de Oriente, que incluía aliados Visigodos, para atacarem os Vândalos de Genserico ao norte da África, expedição que fracassou ao ser destruída a frota imperial pelos Vândalos na batalha de Cartagena de 461. A partir deste momento, a influência da corte de Rávena sobre a província Tarraconensis e, em geral, sobre toda a antiga a Diocesis Hispaniarum, desapareceu, de maneira a que, quando o Império do Ocidente foi abolido entre 476 e 485, o Reino Visigodo viu reafirmada a sua independência.
O final da província
Ao longo do século VI e do século VII, a província Tarraconensis sofreu numerosos ataques promovidos pelos diferentes reinos francos do outro lado do Pirineu, e serviu de base aos diferentes reis visigodos de Toledo para defender as suas posses da Gallia Narbonensis; assim mesmo, os reis Visigodos utilizaram a província como ponto de partida para penetrar e conquistar os territórios de Cantábria e dos Vascones, que se independentizaram ao desaparecer o poder romano na Península.
Com a invasão muçulmana de 711 e a destruição do Reino Visigodo, o sistema de administração territorial da Península Ibérica herdado de Roma, desapareceu, e com ele a província Tarraconensis, embora a zona oriental servisse como último bastião de resistência aos dois últimos monarcas Visigodos, Agila II (711-713 e Ardo (713-720). O seu território foi integrado na nova região fronteiriça do emirato de Córdova, como marca militar com capital em Saragoça, sob comando da família de conversos Banu Qasi (Filhos de Cassius).
Fonte: Wikipédia
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