sexta-feira, 14 de março de 2008

Corvus



















Corvus era um dispositivo militar romano usado em pelos navios de guerra durante a Primeira guerra púnica contra Cartago. Era como uma ponte de cerca de 1,2 m de largura e 10,9 m de comprimento. O dispositivo ficava provavelmente na proa do navio, onde um sistema de polias permitia que a ponte fosse levantada e abaixada. Havia uma ponta pesada na forma de um bico de pássaro no lado de baixo do dispositivo, daí o nome "corvo". A ponta foi projetada para perfurar a plataforma do navio inimigo quando o corvus fosse abaixado. Assim o navio inimigo ficava preso ao romano, permitindo que os legionários invadissem e tomassem a embarcação.
No século III a.C., Roma não era um poder naval e tinha quase nenhuma experiência na guerra no mar. De fato, antes da primeira guerra de Púnica, a república romana não tinha feito nenhuma campanha fora da península Itálica. A força militar da república estava na terra, e suas maiores virtudes eram a disciplina e a coragem de seus soldados. O corvus permitiu que usasse seu exército contra a marinha superior de Cartago. Com a ajuda do dispositivo os romanos ganharam diversas batalhas, dentre as quais a de Mylae, Sulci, Tyndaris, e Ecnomus. Apesar de suas vantagens, o corvus teve inconvenientes sérios: atualmente se sabe que seu peso na proa comprometia a navegabilidade dos navios. Roma perdeu quase duas frotas inteiras em tempestades em 255 e em 249 a.C., em grande parte devido à instabilidade causada pelo dispositivo. Estas perdas foram provavelmente a razão principal para o abandono do corvus no projeto dos navios no fim da guerra. Enquanto as táticas navais romanas melhoraram e seus grupos se tornaram mais experientes, a vantagem do corvus na batalha não mais compensou o risco envolvido em usá-lo. A batalha de Aegates que decidiu a Primeira guerra púnica foi ganha aparentemente sem o dispositivo, porém uma evolução, chamada arpax, foi usada na batalha de Naulochus.

Fonte: Wikipédia

Torre de cerco





























A torre de cerco era uma máquina sobre rodas desenvolvida para atacar cidades protegidas por muralhas altas e de pedra. Essa grande torre de madeira era coberta com couro molhado para minimizar sua vulnerabilidade ao fogo. Um aríete de batalha era suspenso dentro da torre e lançado contra a muralha sob ataque. A torre protegia os homens que operavam o aríete e outros homens que atiravam flechas no povoado. Quando a muralha era derrubada pelo aríete, o exército atacante podia entrar na cidade.

Onagro

O onagro é uma antiga máquina de guerra lançadora de projéteis, principalmente pedras e similares, utilizada à época do Império Romano. É similar a uma catapulta de torção, mas possúi uma funda na ponta, ao invés de uma colher.

Balista












A balista (Latim: ballista; derivado do grego: ballistēs) era uma máquina de guerra da antiguidade que atirava dardos. Basicamente são arcos ampliados e apoiados no chão.
A balista era um tipo de artilharia anterior a pólvora, usada principalmente contra homens em formação. Era um grande arco montado em posição lateral. Utilizava um guincho e uma catraca para criar a tensão do arco. Geralmente o projétil era uma grande lança de metal ou de madeira com a ponta de metal. Atirados contra uma massa de pessoas a distâncias de até 300 metros, as lanças podiam incapacitar diversos inimigos.
A forma de arremesso era bem simples: esticava-se um pedaço longo de borracha (ou de outro material flexível, no início somente artelhos de boi, daí artilharia), e colocava-o sobre uma trava que impedia o disparo acidental. Logo depois colocavam o dardo sobre uma fileira talhada no suporte de madeira. Quando a trava era retirada o material elástico esticado voltava à sua posição em repouso, lançando para longe o dardo.
As balistas podiam ser colocadas em montagens fixas em muralhas ou navios ou em montagens com rodas para utilização em campos de batalha. Não eram muito eficientes contra muralhas e edificações fortificadas.

Catapulta
















Catapultas são mecanismos de cerco que utilizam um braço para lançar um objeto à uma grande distância, evitando assim possíveis obstáculos como muralhas e fossos. Fora criado pelo matemático Arquimedes, como solução de uma guerra.
O nome é derivado do grego καταπάλτης, composto de κατά "abaixo, contra" e πάλλω "vibrare". Originalmente, a palavra catapulta referia-se a um lançador de pedras, enquanto balista referia-se a um lançador de dardos, porém, através dos anos, os dois termos trocaram de significados.
Catapultas eram usualmente montadas no lugar do cerco, e um exército carregava algumas ou nenhuma de suas peças consigo porque madeira era bastante disponível no lugar.

sábado, 8 de março de 2008

Aríete





















Um aríete é uma antiga máquina de guerra constituída por um forte tronco de freixo ou árvore de madeira resistente, com uma testa de ferro ou de bronze a que se dava em geral a forma da cabeça de carneiro.
Os aríetes eram utilizados para romper portas e muralhas de castelos ou fortalezas.
Foram largamente utilizados nas Idades Antiga e Média. Existiam diversas formas de aríetes, dependendo do local e povo que o construía. Pode-se dizer que eles foram os precursores dos tanques de guerra.



Aríete portátil

Quando era importante tomar um povoado inimigo com rapidez, um recurso simples era cortar uma árvore robusta, podar o tronco, acoplar algumas alças e usar a árvore para destruir um portão ou uma parte da muralha.
Embora fosse muito perigoso segurar o aríete, essa arma podia ser colocada em ação algumas horas depois da chegada às muralhas da cidade. O aríete portátil era particularmente eficiente em ataques surpresa e contra fortificações mais frágeis. Esse aríete era bastante usado por exércitos de ataque e por aqueles que não podiam permanecer muito tempo fora de uma cidade em um cerco prolongado.

Fonte: Wikipédia

Elmo

Elmo é uma proteção, utilizada no ambiente bélico, destinada a defender a cabeça do soldado. Faz parte do equipamento de guerra antiga e medieval, e se apresenta das mais variadas formas, mas sua função básica é sempre a proteção craniana.


Elmo do 1º séc
















Elmo de Legionário
















Elmo de Centurião
















Elmo de Centurião
















Elmo de Centurião Gaético
















Elmo de Cavalaria
















Elmo de Gladiador

quarta-feira, 5 de março de 2008

O Surgimento do Império

O surgimento do Império veio como consequência do esforço de expansão crescente de Roma durante os séculos III e II a.C.. Segundo alguns historiadores, a população sob o domínio de Roma aumentou de 4 milhões em 250 a.C. para 60 milhões em 30 a.C., o que ilustra como Roma teve o seu poder ampliado nesse período, de 1.5% da população mundial, para 25%.
Nos últimos anos do século II a.C., Gaius Marius transformou o Legião romana num exército profissional, no qual a lealdade dos soldados de uma legião era declarada ao general que a liderava e não à sua pátria. Este facto, combinado com as numerosas guerras que Roma travou nos finais da República (Invasão dos Cimbros e Teutões, Guerras contra Mitridates, rei do Ponto, entre outras, a culminar nas guerras civis do tempo de César e Augusto) favoreceu o surgimento de uma série de líderes militares (Sulla, Pompeu, Júlio César), que, apercebendo-se da força à sua disposição, começam a utilizá-la como meio de obter ou reforçar o seu poder político.
As instituições republicanas encontravam-se em crise desde o princípio do século I a.C., quando Lucius Cornelius Sulla quebrou todas as regras constitucionais ao tomar a cidade de Roma com o seu exército, em 82 a.C., para se tornar ditador vitalício de seguida. Sulla resignou e devolveu o poder ao senado romano, mas no entanto o precedente estava lançado.


Júlio César (100-44 a.C.).


Esta série de acontecimentos culminou no Primeiro Triunvirato, um acordo secreto entre César, Pompeu e Crasso. Tendo este sido desfeito após a derrota de Crasso em Carrhae (53 a.C.), restavam dois líderes influentes, César e Pompeu; estando Pompeu no lado do Senado, este declara César inimigo de Roma, ao que César respondeu, atravessando o Rubicão e iniciando a Guerra Civil. Tendo vencido Pompeu em Farsalia (Agosto 48 a.C.) e as restantes forças opositoras em Munda (45 a.C.), tornou-se efectivamente a primeira pessoa a governar unipessoalmente Roma, desde o tempo da Monarquia. O seu assassinato pouco tempo depois (Março 44 a.C.), às mãos dos conspiradores liderados por Brutus e Cássio, terminou esta primeira experiência de governo unipessoal do estado romano.
Por esta altura, já a República tinha sido decisivamente abalada, e após a derrota final dos conspiradores, o surgimento do Segundo Triunvirato, entre Octávio, Marco António e Lépido, e a sua destruição na Guerra Civil seguinte, culminando na decisiva Batalha de Actium (31 a.C.), deixou Octávio como a única pessoa com poder para governar individualmente Roma, tornando-se efectivamente no primeiro imperador romano, fundando uma dinastia (Júlio-Claudiana) que só a morte de Nero (68 d.C.) viria a terminar.
Uma vez que o primeiro imperador, César Augusto, sempre recusou admitir-se como tal, é difícil determinar o momento em que o Império Romano começou. Por conveniência, coloca-se o fim da República em 27 a.C., data em que César Augusto adquire este cognome e em que começa, oficialmente, a governar sem parceiros. Outra corrente de historiadores coloca o princípio do Império em 14 d.C., ano da morte de Augusto e da sua sucessão por Tibério.

Augusto (63 a.C.-14 d.C.).

Nos meios acadêmicos, discutiu-se bastante a razão pela qual a sociedade romana, habituada a cerca de cinco séculos de república, aceitou a passagem a um regime monárquico sucessório. A resposta centra-se no estado endêmico de guerra civil que se vivia nos anos prévios a Augusto e no longo reinado de quarenta e cinco anos que se seguiu, notável pela paz interna. Com a esperança de vida média em cerca de quarenta e cinco anos, à data da morte de Augusto, o cidadão romano médio não conhecia outra forma de governação e estava já preparado para aceitar um sucessor.
O reinado de César Augusto é considerado por todos os historiadores como um período de prosperidade e expansão. A nova estrutura política criada por Augusto designa-se por "principado", sendo o chefe do império designado por princeps civium (o primeiro dos cidadãos) e ao mesmo tempo princeps senatus (o primeiro do Senado). O termo princeps está na origem da palavra príncipe, que não era o título do chefe do Estado. O título era "César" e foi este que Augusto e seus sucessores adoptaram.
Augusto era também comandante-chefe do exército e decidia a guerra ou a paz e auto-nomeou-se "tribuno por toda a vida". Augusto, que não era especialmente dotado para a estratégia, mas tinha bons generais como Agripa na sua confiança, anexou oficialmente o Egipto, que já estava sob domínio romano havia 40 anos, toda a península Ibérica, a Panónia, a Judeia, a Germânia Inferior e Superior e colocou as fronteiras do Império nos rios Danúbio e Reno, onde permaneceram por 400 anos.
O império que Augusto recebeu era vasto e heterogêneo, com várias línguas e vários povos. O grego era a língua mais falada nos territórios orientais, e o latim progredia pouco nestes territórios, mas nos territórios ocidentais era a língua mais falada. Augusto passou a tratar todos os habitantes do império como iguais e visitou várias zonas para verificar quais os problemas de cada província, assim estas floresceram e atingiram o máximo do seu desenvolvimento.


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Fundação de Roma

A data da fundação de Roma foi estabelecida em 21 de abril de 753 a.C. pelo historiador Marco Terêncio Varrão (116 a.C.-27 a.C.). A data exata é desconhecida, mas o consenso entre os historiadores é que a cidade teria sido fundada no século VIII a.C.



Os romanos elaboraram um complexo conto mitológico sobre a origem da cidade e do estado, que se uniu à obra histórica de Tito Lívio e à obra poética de Virgílio e Ovídio, todos da era de Augusto. Naquela época, as lendas oriundas de textos mais antigos foram trabalhadas e fundidas num conto único, no qual o passado mítico foi interpretado em função dos interesses do Império.

Os modernos estudos históricos e arqueológicos, que se baseiam nestas e em outras fontes escritas, além de objetos e restos de construções obtidos em vários momentos das escavações, tentam reconstruir a realidade que existe no conto mítico, no qual se reconhecem alguns elementos de verdade.

História e arqueologia

Entre os séculos X e VIII a.C., a população da Península Itálica consistia em dois grupos itálicos principais: os osco-úmbrios e os latinos. Latim Vetus era o antigo território dos latinos, atualmente o sul do Lácio. Nas proximidades viviam os volscos, os sabinos, os aqueus, os rútulos e os ausônios. Ao norte de Roma habitavam os não indo-europeus etruscos.

Os latinos originalmente ocupavam os Colli Albani (montes Albanos), atual Castelli, entre 30 e 80 quilômetros a sudeste do monte Capitolino. Mais tarde se mudaram em direção aos vales, que tinham terras melhores para o gado e a agricultura.

A área em torno do rio Tibre era particularmente favorável e oferecia recursos estratégicos notáveis, já que o rio era uma fronteira natural de um lado, enquanto as colinas ofereciam uma posição defensiva segura do outro lado. Essa posição teria capacitado os latinos a controlar o rio (bem como o tráfego comercial e militar sobre ele), do ponto natural de observação na ilha Tiberina (a ilha em frente ao atual Trastevere).

Além disso, dominavam o tráfego terrestre, uma vez que Roma estava na intersecção das principais rodovias que vinham de Sabinun (no nordeste) e da Etrúria (no noroeste). Supõe-se que o desenvolvimento da cidade se iniciou em pequenas vilas separadas no alto das colinas, que se juntaram depois para formar Roma.

Embora estudos recentes sugiram que o Quirinal era a colina mais importante nos tempos antigos, parece que a primeira colina a ser habitada foi o Palatino (confirmando, portanto, a lenda), que era também o centro da Roma antiga. Seus três picos, colinas menores (Palatino, Viminal e Germalus), unidos aos três picos do Esquilino (Oppius, Cispius e Fagutal) e às vilas sobre a colina Celio e Suburra (entre o atual monte Rione e a colina Oppius), juntaram-se a eles.

Essas colinas tinham nomes expressivos: Celio era chamada Querquetulanus, de quercus (carvalho), enquanto Fagutal aponta para florestas de nozes, de fagus = noz. Descobertas recentes revelam que Germalus, na parte norte do Palatino, era o local de uma vila (datada do século IX a.C.) com choupanas circulares ou elípticas. Era protegida por uma muralha de terra (talvez reforçada por madeira), e é provável que este seja o local real da fundação de Roma. O território dessa federação era cercado por uma fronteira sagrada chamada Pomério, que enclausurava a chamada Roma Quadrata (Roma Quadrada). Esta teria sido ampliada com a inclusão do Capitolino e da ilha Tiberina no tempo em que Roma se tornou uma cidade fortificada. O monte Esquilino era uma vila-satélite que foi incorporada no tempo da expansão por Sérvio Túlio.

Festivais para o Septimontium (literalmente "das sete colinas"), no dia 11 de dezembro, eram relacionados no passado com a fundação. Mas, como 21 de abril é a única data de fundação comum a todas as lendas, surgiu recentemente a argumentação de que Septimontium estava mais provavelmente associada às primeiras federações entre as colinas romanas. Uma federação semelhante foi, de fato, celebrada pelos latinos em Cave (uma vila ao sudeste de Roma) ou no Monte Cavo (em Castelli).

De acordo com o historiador Francis Owen, em "Os povos germânicos", o povo que colonizou Roma pode ter imigrado de fora da Península Itálica, possivelmente derivado do mesmo grupo que formou os celtas ou germânicos. Traços da população fundadora seriam evidentes na aparência da aristocracia na época da República. Segundo Owens, as evidências disponíveis na literatura romana, nos registros históricos, nas estátuas e nos nomes de pessoas mostram que, na aparência física, a aristocracia romana diferia da maioria da população do resto da península. Os registros descrevem uma grande quantidade de personalidades históricas como louras. Adicionalmente, 250 indivíduos são registrados com o nome de Flavius, que significa "loiro", e há muitos chamados Rufus e Rutilius, que significam cabelo vermelho ou avermelhado. Os deuses romanos seguintes são citados como tendo cabelos loiros: Cupido, Apolo, Aurora, Baco, Ceres, Diana, Júpiter, Marte, Minerva e Vênus.

A lenda

Na Eneida de Virgílio, Enéias, filho da deusa Vênus, foge de Tróia, derrotada pelos aqueus, com o pai Anquises e o filho Ascânio, enquanto a mulher Creúsa, filha do rei Príamo, desaparece enquanto deixam a cidade. Quando Enéias se dirige à Itália, uma tempestade atinge o navio, por desejo de Juno, e o obriga a aportar em Cartago, onde é recebido por Dido, rainha da cidade.

Durante um banquete em sua homenagem, Eneias começa a contar suas aventuras: a queda de Tróia, o estratagema do cavalo e a fuga com o pai e o filho. Depois que fogem, refugiam-se no monte Ida, onde permanecem durante o inverno à espera da construção de uma frota, partindo em seguida para uma nova pátria.

No fim de sua narrativa, Dido está apaixonada por Eneias, porque Vênus substituiu o filho dele por Cupido, que acerta Dido com uma de suas flechas. Dido pede a Enéias que permaneça com ela e reine em Cartago. Enéias e seus companheiros, depois de ficarem um ano em Cartago, partem por ordem de Júpiter para o Lácio. Dido, vendo ao longe os navios de Enéias, maldiz a estirpe troiana e se suicida.

Depois de várias peregrinações no Mediterrâneo, Enéias aporta no Lácio, como sua mãe previra, dizendo que fundaria uma cidade na pátria de Dárdano (seu antepassado que, segundo a lenda, havia fundado Tróia). No Lácio, Eneias é acolhido amavelmente pelo rei Latino, que lhe oferece sua filha Lavínia em casamento. Entretanto, a princesa já tinha sido prometida a Turno, rei dos rútulos.

A disputa pela mão da jovem torna-se uma verdadeira guerra, da qual participam as várias populações itálicas, compreendendo etruscos e volscos. Eneias se alia a algumas populações gregas provenientes de Argos e estabelecidas na cidade de Palante, sobre o monte Palatino, reino do árcade Evandro e de seu filho Palante. A guerra é sangrenta (Palante morre logo, atingido por Turno e, para evitar mais vítimas, a disputa entre Eneias e Turno deve resolver-se em um combate entre os dois comandantes e pretendentes. Eneias mata Turno, casa-se com Lavínia e funda a cidade de Lavínio, a atual Pratica di Mare).

Rômulo e Remo

Loba capitolina: Segundo a lenda, o animal
teria amamentado os gêmeos Rômulo e Remo.

Trinta anos mais tarde, Ascânio funda uma nova cidade, Alba Longa, sobre a qual reinam seus descendentes. Cerca de 400 anos depois, o filho e legítimo herdeiro do rei Procas de Alba Longa, Numitor, é deposto pelo irmão Amúlio, que obriga a princesa Réia Sílvia a tornar-se Vestal (sacerdotisa virgem, consagrada à deusa Vesta). e a fazer voto de castidade. Mas o deus Marte se enamora da jovem, que engravida e tem dois gêmeos, Rômulo e Remo. O rei Amúlio ordena que os gêmeos sejam mortos, mas o servo encarregado da tarefa não tem coragem de fazê-lo e os abandona na corrente do rio Tibre. A cesta com os gêmeos vai parar nas margens do rio em Velabro, entre os montes Palatino e Capitolino, onde os recém-nascidos são encontrados e cuidados por uma loba (provavemente uma prostituta, chamada na época de lupa, da qual se encontram traços na palavra lupanar). Em seguida o pastor Fáustulo os encontra e cria como filhos, com sua mulher, Aca Larência. Quando se tornam adultos e conhecem sua origem, Rômulo e Remo retornam a Alba Longa, matam Amúlio e repõem no trono seu avô Numitor.

Rômulo e Remo decidem então fundar uma nova cidade no local onde cresceram. Rômulo quer chamá-la Roma e edificá-la sobre o Palatino, enquanto Remo deseja batizá-la como Remora e fundá-la sobre o Aventino. É o próprio Tito Lívio quem se refere às duas versões de maior credibilidade dos fatos:

"Como eram gêmeos e o respeito à progenitura não podia funcionar como critério eletivo, cabia aos que protegiam aqueles lugares indicar, através dos auspícios, quem seria escolhido para dar o nome à nova cidade e reinar depois da fundação. Assim, para interpretar os auspícios, Rômulo escolheu o Palatino e Remo escolheu o Aventino. O primeiro presságio teria cabido a Remo. Como Rômulo estava afastado quando o presságio foi anunciado, os respectivos grupos proclamaram um e outro como reis ao mesmo tempo. Uns sustentavam que tinham direito ao poder com base na prioridade no tempo, outros com base no número de pássaros vistos. Surgiu assim uma discussão e da luta raivosa de palavras se passou ao sangue: Remo, golpeado na cabeça, caiu por terra. É mais notável a versão segundo a qual Remo, para surpreender o irmão, teria escalado os muros recém-construídos (provavelmente o Pomério), e Rômulo, com raiva, teria ameaçado com estas palavras: ‘Assim, de agora em diante, morra quem escalar os meus muros’. Deste modo, Rômulo se apossou sozinho do poder e a cidade fundada tomou o nome do fundador." (Tito Lívio)

Assim a cidade foi fundada sobre o Palatino e Rômulo se tornou o primeiro rei de Roma.

A data de fundação de Roma

Durante a República Romana, muitas datas foram atribuídas à fundação da cidade, no intervalo entre 758 a.C. e 728 a.C.. Finalmente, no Império Romano, a data sugerida por Marco Terêncio Varrão (116 a.C. - 27 a.C.) foi considerada a oficial, mas nos Fasti Capitolini o ano é 752 a.C.. Embora o ano varie, todas as versões concordam que o dia é 21 de abril, data do festival de Pales, deusa do pastoreio. O calendário romano ab urbe condita, porém, começa com a data de Varrão (753 a.C.)

Entre a data convencional da Guerra de Troia (1182 a.C.) e a data aceita para a fundação de Roma (753) há um intervalo de quatro séculos, razão pela qual os romanos, durante a República, criaram a lenda da dinastia dos reis de Alba Longa, de forma a preencher o vazio de 400 anos entre Eneias e Rômulo. Os vestígios arqueológicos, no entanto, demonstram que Lavínio, Alba Longa e Roma no seu início são contemporâneas.

O nome de Roma

O nome da cidade é geralmente relacionado com Rômulo, mas há outras hipóteses. Alguns sugeriram a palavra etrusca "rhome", com o significado de "duro", cognata com a palavra grega "ρώμη, rhōmē'’, força, vigor.

Outros mencionam a Mitologia Romana, na qual se supõe que o nome se refere ao filho de Eneias ou Evandro. O estudioso basco Manuel de Larramendi pensa que a origem é a palavra basca "orma" (basco moderno "horma" = muro).

Roma é também chamada Urbs, nome que (no latim tardio geralmente significa qualquer cidade) veio de urvus, vala cavada por uma enxada, no caso a que foi aberta por Rômulo para marcar os limites da cidade.

Todo ano, no monte Capitolino, na noite de 21 de abril, um sino especial chamado Patarina toca do Campidoglio para comemorar a fundação de Roma. Na ocasião, o famoso canhão do Janículo permanece em silêncio, único dia do ano em que ele não soa.

Fonte: Wikipédia

Período das Invasões

Depois do abalo provocado pelas invasões dos povos chamados bárbaros pelos romanos, as tradições dos godos fundiram-se progressivamente com a cultura e as instituições políticas do Império Romano do Ocidente e passaram a integrar o legado cultural da Europa medieval. Os godos eram um povo germânico originário das regiões meridionais da Escandinávia. Segundo sua própria lenda, relatada pelo historiador godo Jordanes em meados do século VI a.C., os godos, sob o comando do rei Berig, chegaram em três barcos ao sul do mar Báltico, onde se instalaram após derrotar os vândalos e outros povos germânicos. O historiador romano Tacitus registra que, nessa época, os godos se distinguiam por usarem escudos redondos e espadas curtas e obedecerem fielmente a seus reis. O povo godo abandonou a região do rio Vístula, que corresponde à atual Polônia, durante o reinado de Filimer, na segunda metade do século II, e chegou ao mar Negro após muitas aventuras. Foi possivelmente a pressão dos godos que obrigou outros povos germânicos a exercerem, por sua vez, uma forte pressão na fronteira do Danúbio com o Império Romano, na época do imperador Marcus Aurelius. Durante o século III, foram muitas as incursões godas nas províncias romanas da Anatólia e da península balcânica: eles saquearam as costas asiáticas, destruíram o templo de Éfeso, chegaram a penetrar em Atenas e avançaram sobre Rodes e Creta. Durante o regime de Aurelianus (270-275), obrigaram os romanos a se retirar da província da Dácia, no outro lado do Danúbio. Os godos que viviam entre os rios Danúbio e Dniester receberam o nome de visigodos. Os do outro ramo, que no século IV se haviam estabelecido na área que viria a ser a Ucrânia, foram denominados ostrogodos, nome que, segundo parece, significa "godos do leste". Ostrogodos. O reino ostrogodo, que se estendia do mar Negro até o Báltico, alcançou o poderio máximo com Ermanarico, mas foi dominado pelos Hunos por volta do ano 370. Após o colapso do império huno em 455, dois anos depois da morte de seu chefe Átila, os ostrogodos penetraram na Panônia (Danúbio central) e dirigiram-se para a Itália, onde o imperador Romulus Augustus havia sido derrotado (476) por Odoacro, chefe dos hérulos. Em 493, o rei ostrogodo Teodorico I o Grande derrotou Odoacro e governou a Itália até a morte, em 526. Teodorico foi um governante hábil, que soube conservar o equilíbrio entre as instituições imperiais e as tradições bárbaras. Homem culto, educado na corte de Constantinopla, conseguiu ganhar a simpatia da aristocracia romana, cujos privilégios anteriores respeitou, e do povo, que assistia satisfeito à realização de obras públicas para a reconstrução e modernização de Roma. Ao que parece, Teodorico alimentava o projeto de fundar um império godo que impusesse seu domínio sobre o resto do mundo bárbaro. Para isso, manteve contato com outras tribos godas e estabeleceu vínculos familiares com os francos, os vândalos e os burgúndios. Sua morte criou um intrincado problema de sucessão, fato de que se valeu o imperador Bizantino Justiniano para intervir na Itália. O exército romano oriental, sob o comando de Belisário, derrotou completamente os ostrogodos, dirigidos por seu novo rei Totila, cujo nome original era Baduila. Os sobreviventes se dispersaram ou foram reduzidos à escravidão. O "povo valente", possível significado do nome visigodos, conquistou no século III a Dácia, província romana situada na Europa centro-oriental. No século IV, ante a ameaça dos hunos, o imperador Valens concedeu refúgio aos visigodos ao sul do Danúbio, mas a arbitrariedade dos funcionários romanos os levou à revolta. Penetraram nos Balcãs e, em 378, esmagaram o exército do imperador Valente nas proximidades da cidade de Adrianópolis. Quatro anos depois, o imperador Theodosius I o Grande conseguiu estabelecê-los nos confins da Mésia, província situada ao norte da península balcânica. Tornou-os federados do império e deu-lhes posição proeminente na defesa. Os visigodos prestaram uma ajuda eficaz a Roma até 395, quando começaram a mudar-se para oeste. Em 401, chefiados por Alarico I, que rompera com os romanos, entraram na Itália e invadiram a planície do Pó, mas foram repelidos. Em 408 atacaram pela segunda vez e chegaram às portas de Roma, que foi tomada e saqueada em 410. Nos anos seguintes, o rei Ataulfo estabeleceu-se com seu povo no sul da Gália e na Hispânia e, em 418, firmou com o imperador Constantius III um tratado pelo qual os visigodos se fixavam como federados na província de Aquitania Secunda, na Gália. A monarquia visigoda consolidou-se com Teodorico I, que enfrentou os hunos de Átila na batalha dos Campos Catalâunicos. Em 475, Eurico declarou-se monarca independente do reino visigodo de Tolosa (Toulouse), que incluía a maior parte das Gálias e a Espanha. Seu reinado foi extremamente benéfico para o povo visigodo: além da obra política e militar, Eurico cumpriu uma monumental tarefa legislativa ao reunir as leis dos visigodos, pela primeira vez, no Código de Eurico, conservado num palimpsesto em Paris. Seu filho Alarico II codificou, em 506, o direito de seus súditos romanos, na Lex romana visigothorum, mas carecia dos dotes políticos do pai e perdeu quase todos os domínios da Gália em 507, quando foi derrotado e morto pelos francos de Clóvis, na batalha de Vouillé, perto de Poitiers. Desmoronou então o reino de Tolosa e os visigodos foram obrigados a transferir-se para a Espanha. O reino visigodo na Espanha esteva inicialmente sob o domínio dos ostrogodos da Itália, mas logo tornou-se independente. Para conquistar o domínio da península ibérica, os visigodos enfrentaram suevos, alanos e vândalos, povos bárbaros que haviam ocupado o país antes de sua chegada. A unificação quase se concretizou durante o reinado de Leovigildo, mas ficou comprometida pelo problema religioso: os visigodos professavam o arianismo e os hispano-romanos eram católicos. O próprio filho de Leovigildo, Hermenegildo, chegou a sublevar-se contra o pai depois de converter-se à religião católica. Mas esse obstáculo para a fusão com os hispano-romanos se resolveu em 589, ano em que o rei Recaredo proclamou o catolicismo religião oficial da Espanha visigótica. A monarquia visigoda foi destruída em 711 pela invasão muçulmana procedente do norte da África. Os visigodos, mais civilizados que outras tribos germânicas em virtude de seu longo contato com Roma, criaram formas artísticas originais, como o arco de ferradura e a planta cruciforme das igrejas, e realizaram um importante trabalho de compilação cultural e jurídica. Figuras como santo Isidoro de Sevilha, ou obras jurídicas como o Código de Eurico, a Lex romana visigothorum e o Liber judiciorum, código visigótico que forneceu as bases da estrutura jurídica medieval na Espanha, expressam o grau de desenvolvimento cultural que o reino visigodo alcançou.

© 1999/2006 - Emerson Luiz de Faria


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Romanos e Partos

Atividades Bélicas na República e no Principado




O mundo romano sob a égide dos Príncipes vivenciou inúmeras guerras civis e externas, nas quais os aspectos militares e estratégicos se mesclavam com características econômicas, políticas, sociais, religiosas e culturais.

O ato de empreender uma batalha se iniciava muito antes do confronto em si. Eram necessários, por vezes, meses de preparação, com a organização dos suprimentos e de armas, a convocação dos soldados, a preparação das tropas, a definição dos generais (legados imperiais) e de suas táticas, a construção de armamentos (como, por exemplo, o onagro - onager - uma máquina militar similar à catapulta, ou o aríete - aries - uma tora de madeira suspensa numa espécie de torre para arrebentar as muralhas das cidades sob assédio, ou a balista - scorpio - um grande arco posto sobre base de madeira para lançar flechas e dardos a grande distância) e algumas vezes, quando se fazia estrategicamente necessário, de barcos. Mesmo quando Roma buscava mais se defender de perdas sucessivas de territórios do que ampliar o limes, os empreendimentos bélicos suscitavam preparativos e expectativas.

Na passagem do II para o III século d.C., período de governo de Septímio Severo(193 a 211 d.C.) e de seus filhos Geta (211 a 212 d.C.) e Caracala (211 a 217d.C.), o agon dos gregos, o espírito competitivo, não desapareceu entre os romanos.
Mesmo tendo enfrentado uma guerra civil que se estendeu de 193 a 197 d.C.,
Septímio empreendeu lutas externas. Caracala, após se desvencilhar do irmão,
também se lançou a operações de guerra. Nos dois governos, um mesmo inimigo antigo foi atacado: os Partos.


Império Parto.

No final do período republicano, quando os romanos buscavam o domínio sobre terras orientais, uma batalha perdida marcou o imaginário romano para sempre: a Batalha de Carrhae (Carras - Haran). Combatida e desastrosamente perdida em 53 a.C. por Marco Crasso (membro do Primeiro Triunvirato, junto com Cneu Pompeu e Júlio César), a batalha colocou em lados opostos os romanos e os partos, sob as ordens do general parto Surenas e do rei Orodes Arsácidas. Esta batalha nos foi relatada por Plutarco, na Vida de Crasso, integrante de suas Vidas Paralelas.
Segundo Plutarco, a expedição de Crasso contra os Partos foi uma grande tragédia, marcada pelo principal defeito deste romano: sua cupidez, sua avidez por riquezas. Após controlar a insurreição dos gladiadores de Cápua, cujo líder foi Espártaco (74 d.C.), Crasso recebeu do Senado o controle sobre a Síria e passou a sonhar com os caminhos traçados por Alexandre Magno, todos os tributos, riquezas e pilhagens que podiam ser conquistados se o território sob domínio dos romanos fosse expandido ate a Índia. Para se chegar até lá era necessário passar pelo território dos Partos, povo que nem sempre aceitava a interferência romana em seus assuntos internos. Ainda segundo Plutarco:

“A lei romana sobre as províncias não fazia menção à necessidade de uma guerra pártica, mas todos sabiam que Crasso andava obcecado por esta idéia. O próprio César, da Gália, escreveu-lhe uma carta aprovando o projeto e incitando Crasso à guerra. O tribuno da plebe Ateio tentou opor-se à sua partida, apoiado por muitos descontentes que não viam razão em hostilizar um povo inocente de qualquer falta contra Roma e a esta ligado por tratados.”

Assim, as batalhas a serem travadas contra os partos aparecem como decisões individuais de Crasso, baseadas em sua busca de riqueza. A guerra parecia desde o início fadada à desgraça, pois vários prodígios indicavam que a mesma não contava com o apoio das divindades. Antes mesmo da saída de Crasso da cidade de Roma, Ateio correu para os portões, acendeu um altar e procedeu a fumigações e libações para finalmente abrir-se em imprecações terríveis contra a guerra, feitas para divindades romanas e estrangeiras:

“Afirmam os romanos que essas imprecações antigas e misteriosas
possuem tamanha eficácia que ninguém que delas seja objeto pode
escapar-lhes, e que trazem desgraça também para aqueles que as
proferem, razão pela qual raramente são empregadas, e nunca
levianamente. Censura-se a Ateio ter nessa ocasião lançado sobre a
própria cidade, em nome da qual se indignava contra Crasso,
semelhantes imprecações e tamanho terror religioso.”


Além disso, o mar estava bravio e várias naus se perderam. Chegando a Brundísio, cruzou o rio Eufrates e passou a organizar a tomada de Zenodotia, na Mesopotâmia, cidade por ele pilhada, cujos habitantes foram vendidos como escravos, pois ao contrário de outras cidades, seus cidadãos se recusaram a se render voluntariamente aos romanos. Deste modo, Crasso aumentava seu patrimônio, o de seus soldados e a riqueza de Roma, além de politicamente se mostrar um feliz general e travar alianças no Oriente, por onde passavam importantes rotas comerciais. Ao invés de ocupar as estratégicas cidades de Babilônia e Selêucia, eternamente hostis aos partos, que como os romanos buscavam aliados no Oriente, ele preferiu ocupar novas cidades na Síria, por motivos mais econômicos que militares, segundo Plutarco.
Os partos tentaram lhe enviar embaixadores, propondo um acordo, mas Crasso preferiu continuar se preparando para a invasão da Pártia. Os sinais divinos contrários à empreitada também continuaram. Ao visitar o templo de Afrodite em Hierápolis, Públio Crasso, filho de Marco Crasso, escorregou diante da porta e seu pai acabou caindo sobre ele. Ao passar pela margem do rio Eufrates, na cidade síria de Zeugma, trovões repetidos produziram um terrível barulho. Quando oferecia o sacrifício expiatório habitual, deixou cair as entranhas das vítimas que o adivinho lhe estendia. Mesmo assim, Crasso continuou a marcha, contando com sete legiões e um corpo auxiliar formado por cavaleiros que haviam lutado sob ordens de seu filho nas batalhas de César na Gália.
Um chefe tribal árabe, de nome Abgar, convenceu Crasso a se afastar das margens do rio e a enveredar por uma ampla planície, na qual as tropas romanas foram atacadas pelos arqueiros e pelos cavaleiros partos.


Batalha de Carrhae, 53 A.D..

Os romanos ficaram atônitos ao terem que lutar em areais profundos, planuras sem vegetação e sem água. Os partos faziam grande algazarra, tocando tambores ocos cobertos de pele com martelos de bronze, com os quais produziam sons surdos e assustadores, observando que a audição era, de todos os sentidos, aquele que mais intensamente perturba a alma, provoca as emoções mais imediatas e põe o espírito fora de si.
Acostumados a lutar contra gauleses quase nus, as armas romanas não conseguiam perfurar as couraças partas, que protegiam homens e cavalos. Ao contrário, as flechas partas partiam todas as armaduras romanas (lorica squamata - couraça escamada que pesava doze quilos, posteriormente trocada pela lorica segmentata - couraça de lâminas que pesava só nove quilos).


Batalha de Carrhae, 53 A.D..

O movimento dos cavaleiros partos, em volta das tropas romanas dispostas num grande retângulo, levantava massas de areia que impediam os romanos de ver e gritar. Públio Crasso foi morto, sua cabeça foi cortada e exibida na ponta de uma lança. Crasso e seus homens entraram em pânico e resolveram fugir. Foram, então, atacados pelas costas, por um artifício chamado a partir deste momento de “flechas partas”. Os poucos soldados que sobraram resolveram fugir a noite do acampamento, deixando para trás os feridos. Crasso partiu na escuridão, pois sendo acima de tudo arqueiros, os partos precisavam da luz do sol para combater. Foi acolhido junto com os sobreviventes na cidade de Carras, de onde também fugiu à noite, tendo à frente Andrômaco, que a pedido dos partos jogou os romanos na região dos pântanos profundos.
Crasso acabou se rendendo aos partos. Surenas declarou que a partir daquele momento havia trégua e paz entre o rei Orodes, que havia aproveitado o confronto com os romanos para atacar a Armênia, e os romanos, mas que seria necessário avançar até o rio para pôr o acordo por escrito, “uma vez que vós, romanos, não tendes boa memória no que diz respeito a tratados”. Quando Crasso montou o cavalo para acompanhar Surenas, um parto chamado Exatres o matou, cortando-lhe a cabeça e a mão direita, enviadas ao rei Orodes. Segundo Plutarco, foi uma das piores derrotas dos romanos, com vinte mil mortos e dez mil prisioneiros, num momento em que estes se cobriam de vitórias.

Desta forma, não deve ser de estranhar que empreender guerras aos partos se revestia de um sabor especial para os romanos. Além de ser uma terra rica, de cidades antigas e pela qual passavam grandes rotas comerciais, a Pártia havia sido conquistada pelo macedônio Alexandre, em seu caminho para a Índia, o modelo preferencial dos imperadores romanos do Alto Império, e havia uma boa justificativa para empreender este combate, pois sempre se poderia vingar a derrota sofrida no passado. A Pártia era símbolo de uma Ásia remota e nunca completamente dominada nem mesmo por Alexandre. Acrescente-se que os romanos no Alto Império, com a diminuição das conquistas territoriais, buscaram fortalecer o limes com barreiras naturais como cadeias de montanhas e rios.

Portanto, dominar as regiões próximas aos rios Tigre e Eufrates se convertia numa empresa de defesa mais do que de ataque. Deste modo, não é de se estranhar que os severos travassem batalhas contra os partos. Septímio se dizia o continuador dos Antoninos, que também haviam enfrentado os partos. Severo mudou o nome de seu filho mais velho, Bassiano, para Marco Aurélio Antonino (196 d.C.) e proclamou-se filho de Marco Aurélio e irmão de Cômodo (197 d.C.), realizando uma adoção ao contrário. Caracala recebeu o título de imperator destinatus em troca do apoio que deu ao pai nas batalhas travadas no Oriente (197 d.C.). No bojo destes acontecimentos, Septímio mandou gravar em algumas epígrafes o epíteto de divo Nervae atavo, vinculando-se por meio deste expediente não somente a Marco, mas a toda dinastia antonina.
Para J. Rufus Fears, Septímio buscou apoiar suas pretensões dinásticas no nomem antoninorum, comparando a noção nomem com aquela de numem, como se a utilização do nome dos Antoninos em si fosse capaz de garantir a continuidade da paz e da prosperidade pelos deuses. Todavia, não foi apenas no nome que os primeiros Severos buscaram se aproximar da imagem dos Antoninos. Julien Guey, ao estudar o calendário de Feriale Duranum, percebeu que as legiões estacionadas em Doura-Europos, na Síria, festejavam o dies imperii de Caracala exatamente na mesma data do dies imperii de Trajano (28 de janeiro de 98 d.C. e 28 de janeiro de 198 d.C.), como se Caracala continuasse as conquistas feitas por seu antepassado, que também lutou contra os partos.

A guerra de Trajano contra os partos, travada entre 114 e 117 d.C., pode ser interpretada como uma tentativa de criar uma fronteira mais forte pela presença de barreiras naturais (rios Tigre e Eufrates), como aponta Edward N. Luttwak. Mas, além disso, revestia-se de outras cores. A região próxima à Pártia era repleta de “estados-clientes” de Roma, isto é, regiões ou cidades que se mantinham relativamente autônomas se respeitassem os acordos feitos com os romanos, que tinham que apoiar seus soberanos. Qualquer troca de chefes sem o acordo de Roma era encarada como declaração de guerra aos romanos.
Em 113 d.C., Chrosroe, rei dos partos desde 110 d.C., havia promovido uma troca de reis na Armênia, “estado-cliente” de Roma. Axidares, que contava com o apoio dos romanos, foi substituído no poder armênio por Parthamasiris, da família dos Arsácidas, reinante na Pártia. Em 114 d.C., legiões romanas, tendo Trajano à frente, invadiram a Armênia e a Mesopotâmia. Parthamasiris depositou seu diadema real aos pés de Trajano e pediu o aceite de Roma ao seu poder na Armênia. Todavia, Trajano percebeu que tal ato fortalecia por demais o poder dos partos sobre o Oriente e as legiões romanas acabaram por invadir e ocupar Ctesifonte, capital parta, promovendo a fuga do monarca e se apossando do trono de ouro do rei dos partos. Atacaram também a região de Adiabene (Assíria) e criou-se a província da Mesopotâmia/ Assíria, com a intenção de tributar as cidades da região recém-conquistada e controlar as rotas comerciais que vinham da Índia.
Antes de partir, Trajano coroou Parthamaspates rei dos partos e passou a considerar a Pártia “estado-cliente” romano. Ao retornar desta empreitada, Trajano morreu na Cilícia. As novas terras conquistadas se rebelaram, e seu sucessor, Adriano, preferiu abandonar as novas províncias, não sem antes refazer seus tratados com a Armênia e a região de Osroene, que considerava mais ricas e interessantes para os romanos.
Dion Cássio afirma que as batalhas de Trajano contra os partos foram uma empresa motivada simplesmente pelo seu desejo de glória. Contudo, parece-nos que Trajano queria, ao atacar os partos, garantir a predominância de Roma sobre os “estados-clientes” orientais, cuja ascendência disputava com os partos, proteger a recém empreendida conquista da Dácia com uma fronteira natural fluvial e se aproximar dos grandes feitos alexandrinos, mesmo tendo mais de sessenta anos de idade. Joel Le Gall e Marcel Le Glay defendem que a opinião romana, feliz com a conquista da Dácia, teria feito pressão sobre o Imperador para aproveitar a empreitada e eliminar o perigo pártico, povo visto como detentor de costumes exóticos e mentes traiçoeiras.

Os partos atacaram “estados-clientes” romanos em (161-162 d.C.), já no governo colegiado de Marco Aurélio e Lúcio Vero. O rei Vologeso III invadiu a Armênia e a Síria, procurando expandir os domínios territoriais partos. Foi o próprio Lúcio Vero quem foi à frente das legiões romanas enviadas para combater mais uma vez os partos. Novamente, Ctesifonte foi invadida, pilhada e destruída, mas a região permaneceu fora do limes, pois os partos aceitaram assinar um acordo no qual devolviam as regiões conquistadas previamente e entregavam aos romanos a cidade de Doura-Europos (166 d.C.). A cidade de Carras, de tão má lembrança para os romanos, foi reduzida à condição de colônia. Além disso, uma peste dizimou boa parte das legiões que estavam no Oriente e os Quados e Marcomanos atacaram a região do Reno-Danúbio. A ameaça parta permaneceu, assim, esporádica.

De acordo com Polieno, que escreveu sua obra Estratagemas após a vitória de Vero e Marco sobre os partos:

“A vitória contra persas e partos, sacratíssimos Imperadores Antonino e Vero, a obtiverdes com a ajuda dos deuses, de vossa virtude e do valor dos romanos, com os quais sempre, tanto antes como agora, podeis vencer as guerras e batalhas que se apresentam.”

Para se vencer um inimigo estrangeiro se deveria contar com a ajuda divina, a virtude e a autoridade humanas. E os Severos sabiam bem disso. Após o assassinato de Pertinax por membros dos Pretorianos, quatro homens receberam a aclamação imperial: Dídio Juliano, Septímio Severo, Pescênio Nigro e Clódio Albino. Severo somente conquistou o poder único e soberano após a realização de várias guerras civis. Entre as batalhas travadas contra as forças de apoio de Nigro e os combates contra os defensores de Albino, Septímio atacou os partos. Tornava-se necessário demonstrar aos romanos que Severo era capaz de vencer não apenas inimigos internos, mas também expandir o território romano. Só se ganhava fama e glória com ataques a povos estrangeiros, como indica Herodiano:

“(...) Querendo ganhar fama que não se limitasse a uma vitória civil contra exércitos romanos - vitória que o envergonhava celebrar como um triunfo - e desejando levantar troféus por seus êxitos frente aos bárbaros, apresentou como pretexto a amizade de Barsemio, rei de Hatra, com Nigro e iniciou uma campanha contra o Oriente.”

O mesmo desejo de glória aparece descrito na obra de Dion Cássio:

“Severo, com o desejo de conquistar a glória, empreendeu uma campanha contra os bárbaros - os osroenos, os adiabenos e os árabes.”

Quando começou o ataque a Nigro, Severo enviou cartas pedindo o apoio dos reis da Armênia, de Hatra e da Pártia. O rei armênio acusou neutralidade; o rei de Hatra enviou um grupo de arqueiros para apoiar Severo; e o rei dos partos pediu tempo para reunir um exército, tentando na realidade se esquivar da luta. Severo considerou isso uma traição.
Com a justificativa de perseguir os amigos de Nigro, que haviam fugido junto com ele em direção ao território parto (194 d.C.), Severo, sem atacar diretamente os partos, quis restabelecer a autoridade junto aos sírios, árabes e mesopotâmicos, que tinham aproveitado a desorganização imperial causada pelas guerras civis para se revoltarem. Como afirma Aristide Calderini, Severo quis empreender uma expedição punitiva contra soberanos e cidades orientais que haviam apoiado, direta ou indiretamente, Nigro: partos, armênios, adiabenos, osroenos, árabes.
Apesar de chamar a expedição de Pártica, Septímio e suas legiões atacaram as regiões de Osroene e de Adiabene, limítrofes com a Pártia, seguindo os passos de Trajano, anexando-as. A invasão foi feita no período menos propício e, pelo fato dos rios estarem vazios, vários barcos tiveram que ser carregados nas costas pelos soldados, seguindo-se as margens dos rios. Mas, para Dion Cássio, Severo estava protegido pelas divindades, pois, assim que ele ingressou no seco território oriental, um grande temporal atingiu suas legiões, que puderam fazer um suprimento de água.
Segundo Herodiano, com os soldados de Nigro, os partos e seus vizinhos aprenderam melhores técnicas de combate corpo a corpo, a se cobrirem com armamento completo e a fazer armas com tecnologia romana, o que os tornava muito mais perigosos em termos militares.
Severo teve que retornar a Roma rapidamente quando, em 196 d.C., Clódio Albino se fez proclamar Imperador na Bretanha, descontente de ter sido afastado da sucessão imperial pelo título de Imperator Destinatus concedido a Caracala após as batalhas no Oriente.

Com a eliminação de Albino em 197 d.C. e a reorganização das fronteiras no Ocidente, Septímio estava livre para consolidar a fronteira oriental, da qual tinha saído apressadamente. O próprio Príncipe capitaneou a invasão da Pártia. O rei parta Vologeso IV fugiu ao ser informado da entrada das legiões severianas em seu território, permitindo que Severo e seus soldados pilhassem Ctesifonte mais uma vez, em 197 d.C. Por isso e pelo fato de boas correntes marítimas terem conduzido os barcos de Severo até Ctesifonte, Herodiano afirma que foi mais por sorte do que por estratégia que foi celebrada a vitória contra os partos.
No ano seguinte, Severo recebeu do Senado os títulos de Parthicus Maximus, Arabicus e Adiabenicus, e após as operações bélicas proclamou Caracala Augusto e Geta César (Geta só viria a se tornar Augusto em 209 d.C.). Com esta vitória, Severo havia consolidado a fronteira oriental nos limites naturais impostos pelos rios Tigre e Eufrates, recriando a província da Mesopotâmia/Assíria, implantada anteriormente por Trajano. Voltou, então, para a região mesopotâmica para tentar conquistar Hatra por duas vezes, sem sucesso.
Destarte, como ressalta Dion Cássio, Severo não acreditou ser oportuna a conservação da conquista, visto que a expedição havia sido mais punitiva que de conquista e havia perdido um contingente muito grande de homens para ter que deixar muitas tropas tomando conta dos territórios recém-conquistados. Tanto que ele deixou apenas as legiões I e III Párticas na Mesopotâmia, e retornou junto com a II legião Pártica para Roma.

A partir de 214 d.C., Caracala, como seu pai e antecessor, empreendeu várias viagens ao Oriente, buscando se assemelhar a Alexandre Magno. Como indica Herodiano:

“De repente, ele se converteu num novo Alexandre. Por todos os meios restaurou sua memória e ordenou que em todas as cidades se pusessem suas imagens e estátuas”.

Todavia, esta decisão de Caracala não foi repentina. Ele havia mandado matar Geta e seu grupo de apoio, proclamado a Constitutio Antoniniana(212 d.C.) e precisava inspecionar as províncias e as legiões. Por isso, foi primeiro ao Ocidente e depois ao Oriente.
Caracala deixou Roma com sua mãe, Júlia Domna, e seu Prefeito do Pretório, Opélio Macrino, para empreender uma guerra contra armênios e partos, sonhando em repetir os feitos do macedônio Alexandre. Porém, quando chegou a Antioquia, o rei parto Vologeso V se apresentou a ele e lhe deu de presente a morte do rei da Armênia, Tirídate, que não andava respeitando as ordens romanas, e do filósofo cínico Antíoco, que havia feito críticas públicas ao governo de Caracala. Com isso, o Imperador não tinha mais justificativas para atacar a Pártia.
Em 216 d.C., o Príncipe deixou o Egito e retornou a Síria. Lá foi informado que Vologeso V havia sido destronado por seu irmão Artabano, contrário à manutenção de acordos com os romanos. Caracala, então, propôs casamento a uma princesa parta, querendo imitar Alexandre, que havia desposado Roxane, uma estrangeira, e por considerar a Pártia o único Império que havia rivalizado com Roma em toda a sua história. Como o rei parto Artabano V se negou a ceder uma de suas filhas, Caracala viu neste ato uma justificativa para invadir seu território e pilhá-lo. Para Herodiano, ele buscava a glória:

“Não muito depois (do massacre dos alexandrinos no Egito) lhe acometeu o desejo de receber o título de Pártico e de comunicar aos romanos que havia vencido os bárbaros do Oriente. Ainda que reinasse uma completa paz, ele maquinou um plano. Escreveu ao rei dos partos (...).
Na carta, lhe dizia que desejava casar-se com sua filha (...).
Dizia-lhe também que o império dos romanos e o dos partos eram os mais poderosos; que, se se unissem pelo matrimônio, estando apenas separados por um rio, constituiriam um único império invencível (...).
Ainda que os romanos tenham uma infantaria invencível no combate corpo a corpo com lanças, os partos contavam com uma numerosa cavalaria de provada pontaria com o arco. (...)
Por outro lado, as plantas aromáticas que crescem na terra dos partos ou os metais que fabricam os romanos ou seus apreciados produtos manufaturados já não seriam passados por contrabando pelos comerciantes em dificuldades e penúria, mas que ao serem um só território sob um só poder também se unificaria o consumo e se suprimiriam as travas comerciais.”


Desta forma, vemos como Herodiano identifica motivos políticos e econômicos para a invasão da Pártia. Caracala atacou Arbela, capital da região de Adiabene, permitindo que seus soldados pilhassem as tumbas dos antigos reis, fato que possivelmente desagradou às divindades, segundo Dion Cássio, pondo em perigo todo a atividade bélica.
Para Dion Cássio, a expedição de Caracala contra os partos e seus vizinhos foi tão sem atrativos, sendo apenas um empreendimento de pilhagem, que ele preferiu contar uma pequena anedota para rir da estupidez dos soldados de Caracala, em sua obra, ao invés de descrever as batalhas travadas:

“Não encontramos nenhum interesse especial no relato dos incidentes que marcaram esta campanha, exceto por uma pequena anedota. Dois soldados haviam pilhado juntos uma garrafa feita de pele contendo vinho. Cada um quis ficar com a garrafa e para isso procuraram o Imperador. Ele ordenou que eles dividissem igualmente o vinho. Cada soldado sacou de sua espada e cortou a garrafa ao meio. Percebendo que haviam perdido todo o seu conteúdo, fizeram uma pequena reverência ao Imperador, que ria, pois haviam exercido sua pequena inteligência ao perderem ambos tanto a garrafa quanto o vinho.”

Quando saía de Edessa para Carras (Assíria), pretendendo pedir a proteção da deusa Selene para a nova empreitada contra os partos, Caracala foi assassinado por ordem de Macrino, que preferiu um acordo com os partos (pagou duzentos milhões em moedas de prata e em presentes para que os partos desistissem de invadir a Mesopotâmia). O acordo foi considerado desastroso pelos romanos.

Os partos não invadiram mais territórios de “estados-clientes” dos romanos e acabaram sendo dominados pelos persas sassânidas em (224-226 d.C.). Os partos nunca se expandiram além da Síria e da Capadócia, mas sempre incomodaram os romanos, pois permaneceram sendo até o III século d.C. a única potência com certa importância no Oriente, capaz de incomodar os “estados-clientes” de Roma.
Nas obras do IV século d.C., aparecem referências a estas expedições párticas praticadas pelos primeiros Severos (Severo e Caracala). Por exemplo, Aurélio Victor indica que Severo demonstrou que era um general felix e sábio ao combater os partos e um bom administrador ao não tributar os adiabenos, percebendo que suas terras eram por demais estéreis devido à secura do seu território. Já na História Augusta, ressalta-se que após vencer os partos, Severo recebeu do Senado o direito de realizar um triunfo, mas declinou, pois não poderia se manter de pé durante todo o ritual, devido aos males que sua gota lhe causava. Até na passagem do V para o VI século d.C., na obra de Zózimo, Nova Historia, por exemplo, ainda se encontram referências aos feitos bélicos dos primeiros Severos contra os partos, demonstrando a permanência de sua importância no imaginário, sua inserção indubitável na memória política e bélica dos romanos.

Portanto, as incursões dos Severos nas terras partas buscaram garantir a soberania romana no Oriente, alem de enriquecer o aerarium com as pilhagens, agradar os soldados, demonstrar a coragem e a capacidade estratégica dos Príncipes e fortalecer os laços de Roma com seus “estados-clientes”. Conseguiram também inscrever seus nomes entre aqueles que pretenderam fortificar as fronteiras e vingar os romanos de desastres bélicos do passado.

RESUMO

O objetivo deste artigo é analisar algumas das várias batalhas travadas entre romanos e partos ao longo da República e do Principado, utilizando para tanto as obras de Plutarco, Dion Cássio, Herodiano, Polieno, Eutrópio, Aurélio Victor e Zózimo.
Palavras-Chave: História Romana; Atividade Militar; Império Romano.
ABSTRACT The objective of this article is to analyse some battles jointeds among romans and partians peoples during the Roman Republic and the Roman Empire, using the Plutarchus, Dio Cassius, Herodianus, Polienus, Eutropius, Aurelius Victor and Zozimus’ Works.
Keywords: Roman History; Military Activity; Roman Empire.

A queda do Império Romano

A queda do Império Romano foi causada por uma série de fatores que o fragilizaram, facilitaram as invasões bárbaras e causaram a derrubada final do Estado. Em geral, a expressão "queda do Império Romano" refere-se ao fim do Império Romano do Ocidente, ocorrido em 476 d.C., com a tomada de Roma pelos hérulos, uma vez que a parte oriental do Império, que posteriormente os historiadores denominariam Império Bizantino, continuou a existir por quase mil anos, até 1453, quando ocorreu a Queda de Constantinopla.

Roma morreu como havia surgido — pela espada. Nas estepes da Ásia acontecera algo que até hoje continua obscuro. Povos punham-se em marcha. Hordas incontáveis de povos semi-selvagens — godos, vândalos, hunos — entraram em rota de colisão com Roma. Com um misto de repugnância e respeito, os romanos chamavam-nos bárbaros. Essa palavra assumiu um toque de Juízo Final.

Roma foi três vezes sitiada e saqueada. Numa frenética dança da morte, nove imperadores sucederam-se durante os últimos 20 anos do Império.

Quando o último imperador romano foi deposto, em 476 d.C., por um grupo de mercenários, poucos territórios (e tropas) restavam ao seu serviço. Os comandantes e chefes que tentavam manter o Estado Romano nos últimos anos também eram, na maioria dos casos, de origem bárbara. Só faltava que um decidisse tomar a púrpura, coisa que não sucedeu.

O imperador deposto, Rômulo Augústulo, era filho de um general de origem bárbara, Orestes, que havia servido antes a Átila o Huno, e havia obtido o trono graças ao pai que havia derrubado o último imperador legítimo, Júlio Nepos, que porém manteve sua autoridade sobre a Dalmácia.

Os aliados de Orestes (hérulos e rugios) depois se desentenderam com seu patrono e, sob as ordens de Odoacro, depuseram Rômulo Augústulo. Observa-se que a deposição do último imperador não foi um acontecimento repentino e que trouxesse mudança social drástica, mas sim foi o resultado de um longo processo que se desenrolava há quase um século.

Convencionou-se esta data como o fim da Antiguidade, mas é provável que poucos naqueles anos considerassem aquele fato como o fim de uma era.

"A história da sua ruína é simples e óbvia", concluiu Gibbons (Declínio e Queda do Império Romano). "E, em vez de perguntar por que foi o Império destruído, deveríamos antes supreender-nos com o fato de ter subsistido por tanto tempo."

Que força mágica, bem podemos perguntar, o tinha mantido? Uma resposta a essa pergunta pode ser achada nas antigas virtudes que inspiraram os grandes romanos do passado. Através dos anos de decadência, persistia uma saudade dos "bons tempos de outrora". Nomes como os de Cícero e Pompeu viviam na memória dos romanos. Os antigos poetas e filósofos continuavam a ser lidos. As famosas histórias dos legendários heróis de Roma eram sempre repetidas. Foi esta força das antigas instituições e idéias, presente, de certa forma, no próprio sangue de cada romano, o que conseguiu que se mantivesse vivo o Império muito tempo depois de ele ter perdido sua razão de ser.

Roma simplesmente não podia desaparecer. À medida que antigas províncias — Portugal, França, Itália, Romênia — se transformavam em novas nações, falavam as línguas românicas baseadas no jargão das legiões. O próprio latim permaneceu como a língua do saber. E o Direito romano, apurado por gerações de grandes juristas, nutriu com seus princípios humanos e equilibrados os sistemas jurídicos do mundo ocidental. Mas, acima de tudo, é o conceito romano da dedicação do homem ao bem comum que até hoje governa a nossa consciência cívica. O servidor público moderno, que é investido na mais digna carreira que a nação pode oferecer, tem uma dívida de gratidão para com Roma.

Manter vivos e transmitir esses valores foi a função histórica do Império Romano. Seu próprio colapso, quando finalmente sobreveio, já não tinha maior importância. Na morte do Império estava a sua vitória. Sua missão civilizadora estava cumprida.

Elegias Romanas

Falai-me, ó pedras! oh falai, vós altos palácios!
Ruas, dizei uma palavra! Gênio, não te moves?
Sim, tudo tem alma nos teus santos muros,
Roma eterna; só para mim tudo se cala ainda.
Quem me diz segredos, em que fresta avisto
Um dia o ser belo que queimando me alivie?
Não pressinto ainda os caminhos, pelos quais sempre,
Pra ir dela e pra ela, sacrifique o tempo precioso?
Ainda contemplo igrejas, palácios, ruínas, colunas,
Homem composto, decoroso, que aproveita a viagem.
Mas em breve passa: então haverá um só templo,
O templo do Amor, que se abra e receba o iniciado!
És um mundo em verdade, ó Roma; mas sem o Amor
O mundo não era mundo, e Roma não era Roma.

Fontes: Starnews2001.com / Wikipédia

Baixo Império

Introdução

O período compreendido entre os séculos III e V caracterizou-se pela crise e decadência do Império Romano. Apesar das mudanças político-administrativas, a corrosão do sistema escravista foi responsável pela desorganização econômica e consequentemente pela desordem social.

A Crise Sócio-econômica

A retração das guerras de conquista desde o início do Império fez com que o número de escravos diminuísse constantemente, afetando a produção. No entanto essa diminuição foi lenta e, em um primeiro momento, não trouxe graves problemas, pois a exploração das províncias aumentava, reforçando as finanças do Estado.
No século III a crise econômica atingiu seu apogeu, as moedas perderam valor e os salários e os preços elevaram-se, provocando o aumento da população marginalizada e maior exploração da mão-de-obra escrava, responsáveis por revoltas sociais, exigindo a constante intervenção militar. Reforçado o papel do exército para a manutenção da ordem social, contraditoriamente essa instituição desenvolveu um processo de crise interna, denominada "Anarquia Militar". A disputa entre generais por maior influência política, principalmente entre os anos de 235 e 268, refletia a própria desorganização sócio-econômica do Império, que tendeu a agravar-se com o início das migrações bárbaras.No final do século III o Império passou a apresentar novas características, em grande parte reflexo da crise do período anterior: O Imperador Diocleciano dividiu o Império em duas e depois em quatro partes, dando origem à Tetrarquia, numa tentativa de fortalecer a organização política sobre as várias províncias que compunham o império e aumentar o controle sobre os exércitos, porém na prática essa divisão serviu para demonstrar e acentuar a regionalização que já vinha ocorrendo.

As migrações bárbaras foram outro fator que contribuiu para agravar a crise do Império, processo complexo que envolveu povos e circunstâncias diferentes. Alguns povos fixaram-se em terras do Império e foram fitos aliados, que a incumbência de defender as fronteiras e em parte acabara incorporados ao exército; outros ultrapassaram as fronteiras romanas derrotando as legiões e saquearam as cidades.

As Transformações

Durante o governo de Diocleciano e Constantino, várias medidas foram adotadas na tentativa de conter a crise, como a criação de impostos pagos em produtos, congelamento de preços e salários, e a fixação do camponês à terra, iniciando a formação do colonato e que na prática, contribuíram para o desabastecimento e para um processo de maior ruralização.
O imperador Constantino foi ainda o responsável por a conciliação entreo Império e o cristianismo, a partir do Edito de Milão (313), que garantia a liberdade religiosa aos cristãos, que até então haviam sofrido intensa perseguição e que naquele momento representavam uma possibilidade de justificativa ao poder centralizado e ainda serviria para frear o movimento popular e de escravos, uma vez que a doutrina cristã reforçava a esperança de uma vida digna após a mote, no Reino de Deus. A nova religião foi ainda mais reforçada durante o governo de Teodósio quando, através do Edito de Tessalônica, o cristianismo foi considerado como religião oficial do Império. A política imperial baseava-se na utilização da Igreja como aliada, na medida em que esta era uma instituição hierarquizada e centralizada e que nesse sentido, contribuiria para justificar a centralização do poder.

A Desagregação

Apesar desse conjunto de medidas, a crise econômica aprofundava-se, assim como a presença de povos bárbaros aumentava, estimulando a fragmentação territorial e a ruralização, pois o desenvolvimento das Villae estimulava uma economia cada vez mais voltada para a autosuficiência. Esse fenômeno era particularmente forte na parte ocidental do Império, onde a presença bárbara foi muito maior e onde a decadência do comércio foi mais acentuada.
A divisão do Império em duas partes no final do século IV também contribuiu para esse processo: O Império Romano do Oriente, com capital em Constantinpla ainda conseguiu manter uma atividade comercial com outras regiões do Oriente, enquanto que o Império Romano do Ocidente, com capital em Milão, vivenciou o aprofundamento constante da crise.
Podemos perceber que nesse período de agonia final do Império Romano do Ocidente, características que irão sobreviver e que estarão presentes na Idade Média, fazendo parte da estrutura feudal, como o trabalho do colono e a organização das Villae, que servirão de modelo para o trabalho servil e para a organização do Feudo; assim como o cristianismo.


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Alto Império

INTRODUÇÃO

A ascensão de Otávio ao poder foi resultado da extensa guerra civil do século I a.C. e deu início a um regime monárquico, autocrático, baseado na força do exército, dando um novo caráter ao Estado escravista romano, baseado na noção oriental de um único Estado mundial, governado por um só homem.
Durante cerca de 250 anos, período conhecido como ALTO IMPÉRIO, esse Estado fortaleceu-se e consolidou-se. Apesar de manter as aparências republicanas, o poder imperial se sobrepôs ao senado e às demais instituições políticas da época, esvaziando as Assembléias de suas funções tradicionais.

O IMPÉRIO DE OTÁVIO

Caio Otávio foi o primeiro imperador romano e durante seu governo delinearam-se a nova organização social e política do Império. Para efeito político, a sociedade foi redividida em "ordem senatorial" e "ordem eqüestre", a partir de um critério censitário.
A nova ordem política baseava-se no apoio da ordem eqüestre, representante principalmente dos interesses mercantis, e que tornaram-se os dirigentes do Estado, ocupando os principais cargos políticos; na conciliação com a ordem senatorial, dos antigos patrícios, proprietários rurais, que preservaram seus privilégios sociais, mas perderam o poder político efetivo, uma vez que o senado tornou-se submisso ao poder imperial; e ainda no apoio de grande parcela da plebe, a partir da intensificação da política do "pão e circo".
Durante esse período o equilibrio entre o poder e as camadas sociais foi mantido, no entanto, as disputas diretas pelo poder foram intensas. As disputas internas ao exército, as conspirações palacianas e as intervenções da Guarda Pretoriana foram responsáveis pelo final de vários governos, inclusive com o assassinato de alguns imperadores; porém a estrutura socioeconômica não foi alterada, assim como também foi preservada a estrutura política imperial, centralizada e despótica.

O EXÉRCITO

O exército foi uma das mais importantes instituições do Império Romano. Não somente como sustentáculo do poder do imperador, mas principalmente para a manutenção de um equilíbrio social e econômico que possibilitaram a continuidade do poder autocrático.

O exército foi peça fundamental para as conquistas romanas e principalmente para a preservação de suas províncias, responsáveis pela riqueza de Roma. Dessa maneira beneficiou tanto patrícios como mercadores, possibilitando ainda o controle da plebe e dos escravos.
Durante o governo de Otávio Augusto foi imposta a "Pax Romana". A pacificação das províncias significou a eliminação da maior parte dos focos de resistência e das rebeliões através da força, possibilitando o aumento da arrecadação tributária, fortalecendo as finanças públicas, fundamental para a manutenção de certos privilégios dos senadores patrícios, uma vez que a produção agrícola provincial passou a concorrer com a romana. O comércio tornou-se mais dinâmico, mantendo o enriquecimento dos mercadores, principal base de apoio social do poder imperial.
O exército destacou-se ainda no combate às rebeliões de escravos e na manutenção da ordem na capital do Império.Contraditoriamente, esse papel conferido ao exército, será responsável pela maior crise vivida pela instituição: a anarquia militar do século III.
Após a morte de Augusto, sucederam-se imperadores pertencentes a sua família, a partir do critério de adoção, até Nero.

A DINASTIA JULIO-CLAUDIANA

TIBÉRIO ( 14-37 d.C) Filho adotivo de Augusto, foi considerado um bom administrador, consolidou a centralização política, retirando da Assembléia Popular o direito de nomear os magistrados. Desencadeou violenta perseguição política à adversários e nas províncias.

CALÍGULA ( 37-41 d.C.) Tentou implantar uma monarquia de tipo oriental, exigindo honras divinas. Seu governo é normalmente destacado pelo desequilíbrio mental caracterizando sua conduta pessoal, particularmente no que toca as orgias que promoveu. Foi assassinado por elementos da Guarda Pretoriana.

CLAUDIO (41-54 d.C.) Manteve-se no poder com o apoio da Guarda Pretoriana, que aumentou sua influência política. Executou diversas obras públicas e ampliou as fronteiras do império com a conquista da Bretanha. Morreu envenenado.

NERO (54-68 d.C.) Foi responsável por fortalecer as fronteiras ao norte do império. Durante seu governo os cristãos sofreram a primeira grande perseguição, acusados pelo incêndio de Roma. Também na Judéia houve grande perseguição à população local, massacrada pelos generais Vespasiano e Tito.


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terça-feira, 4 de março de 2008

Legião Romana








Legião Romana era a divisão fundamental do exército romano. As legiões variavam entre os 4000 e os 8000 homens, dependendo das baixas que eventualmente sofressem nas batalhas. Para além dos soldados, há que contar com os inúmeros servos, escravos e seguidores que as acompanhavam.
Durante as suas campanhas na Gália, as legiões de Júlio César eram compostas por não mais de 3000 soldados.

Raiz dos exércitos modernos

Durante a República e certos períodos do Império Romano, não havia um exército romano propriamente dito. Cada general, ou alto magistrado, possuía uma ou mais legiões que lhe eram fiéis e obedeciam antes as suas ordens que as de um comandante geral. Durante a República, cada cônsul era responsável por suas próprias legiões, devendo também comandá-las.
A Legião Romana venceu gregos, cartagineses, gauleses, bretões, sírios, egípcios e hispânicos. Sua força ocupou dez mil quilômetros de fronteiras e saiu da Europa rumo à África e ao Oriente Médio: eram os grupos de guerreiros que formavam o exército do império. Em seu auge, século Ia.C, organizadas para realizar manobras bastante difíceis, cada legião tinha até seis mil homens distribuídos em três grandes grupos: as coortes, os manípulos e as centúrias. Suas duas maiores lições são copiadas, até hoje, pelos exércitos do mundo todo: disciplina e estratégia.
Dos, em média, 5000 homens em uma legião, cerca de 300 eram provenientes de cidades ou estados vassalos, e faziam o papel de auxiliares de infantaria ou cavalaria.
O componente principal da legião era a infantaria pesada, formada por soldados que lutavam a pé, armados com pilo e gládio, protegidos por uma lorica segmentata, um escudo retangular convexo e um capacete, sendo que o mais utilizado no período foi o modelo imperial gálico. A infantaria era organizada em forma de xadrez, com as tropas intercaladas. Na primeira linha de combate ficavam os guerreiros mais jovens, chamados de hastati. Homens mais resistentes, chamados príncipes, formavam a segunda linha de combate e entravam em ação quando os hastati falhavam. Na terceira linha, os soldados mais experientes entravam na briga nos momentos decisivos. Faziam, ainda, parte da infantaria, as bandeiras coloridas que, no meio do caos, mostravam onde estava cada um dos grupos de soldados.
A Legião era dividida em centúrias (divisões com 80 legionários e não 100), comandada pelos centuriões. Também essas eram, eventualmente, divididas em grupamentos de dez.
Cinco a oito centúrias formavam a coorte, geralmente comandada por um tribuno; seis a oito coortes formavam a Legião.

Origem das legiões

As Legiões tiveram origem quando Roma era ainda uma cidade modesta, que enfrentava constantes conflitos com povos vizinhos, como etruscos, samnitas, vênetos e outros. Começaram com um dever patriótico, pelo qual todo romano livre, do sexo masculino e maior de idade tinha o dever de pegar em armas, quando necessário, para defender a cidade. Passado o perigo, o exército dispersava-se e cada um voltava às suas atividades normais. Mais tarde, com a expansão territorial que viria a dar origem ao Império Romano, surgiu a necessidade de um exército profissional, que estivesse disponível permanentemente e pudesse ser enviado para onde fosse necessário. Daí em diante, as Legiões passaram a ter caráter voluntário. Em geral não havia falta de interessados, já que o soldo de um legionário era consideravelmente superior ao salário dos trabalhadores comuns, além de (salvo exceções) ser pago com regularidade. Inicialmente só cidadãos romanos podiam ingressar nas Legiões, o que não significa que exclusivamente italianos as integrassem: filhos de cidadãos romanos nascidos nas províncias, muitas vezes de mães nativas, eram igualmente cidadãos.

Os legionários

O exército romano, para melhorar os pontos fracos da cavalaria, alistava soldados dos povos dominados. Quem lutasse na legião e saísse vivo, ganhava a cidadania romana. Para lutar, os legionários usavam uma lança, uma espada curta e um pequeno punhal. Para se defender uma armadura e um escudo gigantesco.
Não havia uma idade determinada para alistar-se, mas a maioria dos candidatos a legionários sentava praça logo ao atingir a maioridade, o que, entre os romanos, acontecia aos 17 anos. Embora tenha havido variações ao longo do tempo, durante a maior parte da história das Legiões o tempo de serviço regulamentar era de vinte anos. Ao dar baixa, o legionário fazia jus a uma recompensa em dinheiro equivalente a um ano de soldo, por vezes com um bônus para os que concordassem em fixar residência na província onde houvessem servido por último. Com isso, o ex-soldado podia comprar um pedaço de terra ou abrir um negócio. Legionários reformados morando nas províncias tornavam-se, assim, fazendeiros, comerciantes ou artesãos, geralmente casavam-se com mulheres locais, e era muito provável que seus filhos viessem futuramente a se tornar também legionários. Dessa forma, as Legiões, além de sua importância militar, também se constituíram num poderoso elemento de difusão da cultura romana.

Hierarquia militar


Legionário > Decurião > Centurião > General
· Legionário = equivalente ao soldado atual;
· Decurião = comanda uma fileira de 10 legionários;
· Centurião = comanda uma centúria (10 Decuriões);
· General = comanda uma legião (10 Centuriões).

Armas e equipamentos

Armas de defesa

Todas as armas dos legionários romanos tiveram uma evolução ao longo da história da República Romana e do Império Romano. As armas de defesa do legionário romano eram:
· A lorica em uma das suas variantes: lorica hamata, lorica squamata, lorica segmentata, lorica musculata eram desenhadas para serem flexíveis, mas resistentes;
· Um scutum ou escudo (com particular decoração para cada unidade) ;
· Um balteus ou cingulum militaris (cinto para segurar as armas e para decoração);
· Um elmo, chamado cassis (com proteção para o pescoço e orelhas). O elmo podia ter também uma crista, somente para sob-oficiais e oficiais;
· Um caligae ou sandálias de marcha;
· Uma túnica de cor vermelha.

Armas ofensivas

Os legionários romanos dispunham de três tipos diversos de armas ofensivas:
· O gladius ou gládio: uma espada com uma lâmina longa (50-55 cm), a arma por excelência do legionário romano, levado à direita da cintura;
· O pilum ou pilo, que tinha a função de, depois de lançado, fixar-se no escudo do adversário que era obrigado a privar-se dele;
· O pugio, punhal que era levado na cintura.


Leia também!

► Centurião

► Lista de legiões

► A Religião e os Soldados

► Guarda Pretoriana

► Tropas Auxiliares

Guarda Pretoriana

Nos antigos acampamentos romanos, a tenda do general chamava-se praetorie a palavra acabou por designar os palácios dos governadores das províncias.
Por extensão, durante a República chamaram-se pretorianas às coortes que os cônsules destinavam à sua própria segurança. Augusto destinou-as a escoltar a sua pessoa e o seu palácio, convertendo-as numa tropa de elite permanente, conhecida como guarda pretoriana. O seu chefe, o praefectus praetori, pertencia à ordem equestre e contava com nove coortes, uns 50 000 legionários, recrutados exclusivamente no centro de Itália.
À margem da guarda pretoriana, outras unidades militares, geralmente formadas por legionários veteranos, eram as que tinham a seu cargo a segurança da capital. Deste modo, o praefectus urbi contava com diversas coortes urbanae (primeiro três e depois quatro) que exerciam as funções de polícia. Por sua vez, o praefectus vigilum dispunha de sete coortes vigilum que tinham a seu cargo a vigilância nocturna de Roma e a extinção dos incêndios.
Enquanto os outros corpos armados da capital se centravam no desempenho das suas funções, os pretorianos dotaram-se de imediato de um grande espírito corporativo e adoptaram sinais que os distinguiam dos soldados normais, como usar a espada no lado contrário.






Os pretorianos residiam num acampamento permanente, o castra pretoria, no Quirinal de Roma.
Foi uma tropa privilegiada prestando serviço de guarnição e custódia do palácio e recebendo um soldo muito superior às legiões.
Com o tempo, os pretorianos converteram-se num grupo de pressão e o seu prefeito numa personagem poderosa. No ano 41 d.C., o imperador Calígula foi assassinado pelo prefeito do pretório, Cássio Querea
Sétimo Severo desarmou-a e expulsou-a, vindo mais tarde a reconstituir o corpo com cerca de 15 000 homens provenientes da sua tropa. No ano 312 d.C., Constantino dissolveu definitivamente os pretorianos, incumbindo das suas funções os protectores, outro dos corpos já existentes.


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► Legião Romana

► Tropas Auxiliares

Cultura Romana

A cultura romana recebeu grande influência da grega e etrusca, além dos vários povos que passaram a fazer parte do império romano.




Arquitetura:

A arquitetura é simples, do estilo romano. Seus templos eram parecidos com os gregos, grandes colunas e telhados em forma de triângulo isósceles.
Destacam-se as construções para espetáculos, como o circo máximo, milhares de pessoas se aglomeraram para assistir às corridas de bigas (carroças puxadas por cavalos). Outro é o estádio do Coliseu, em Roma, onde eram realizados grandes espetáculos, como as lutas dos gladiadores e animais. No estádio cabiam 50 mil pessoas.

Pintura e escultura:

Na pintura romana reflete as cenas mitológicas e da vida cotidiana.
A escultura romana era semelhante a dos gregos. Feita em relevo representava os fatos da história de Roma cenas de batalhas e campanhas que decoravam os arcos de triunfo.

Direito:

O direito é o conjunto de leis romanas.
As leis Romanas tiveram como base as “leis das XI tábuas” ,que foram as principais leis escritas.
Em quanto Roma era apenas uma cidade as leis recebiam o nome de “Jus Civile” (direito dos cidadãos). Quando Roma passou a dominara Europa novas leis foram feitas, para serem aplicadas aos novos habtantes, denominado “Jus Gentium” (direto dos povos). Essas leis duraram ate o século III, no governo de Caracala, quando a cidadania foi estendida a todo o império.

Língua e literatura:

O latim, língua falada pelos romanos, é usado ainda hoje na religião, ciências e nas leis.
A literatura romana também recebeu influencia dos gregos, algumas obras foram traduzidas das obras gregas.
Na literatura destacam-se Tácido autor de Anais e César autor das obras sobre guerra civil e a Guerra de Gália.


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► Filosofia em Roma

► Direito Romano

► Educação Romana

► Os Jogos Circenses

► Festa em Roma

► Termas: no banho romano

► O Legado Romano para o Ocidente