Cabeça de BronzeO Instituto Arqueológico Alemão fez, em agosto, uma descoberta sensacional: em Waldgirmes, uma cidadezinha ao norte de Frankfurt am Main, arqueólogos depararam-se com uma estátua da cabeça de um cavalo, feita em bronze e ornamentada em ouro, com mais de 2.000 anos de idade, sobre a qual acredita-se estar sentado o próprio Imperador romano Augusto.
A magnífica estátua revela os planos ambiciosos do Império Romano e de seu imperador, que visavam expandir a província da Germânia. Se assim não fosse, por que, então, os romanos teriam se dado o trabalho de percorrer todo o longo caminho sobre os Alpes, entre a Itália de hoje e aquela região, carregando uma estátua de cavaleiro dourada e suntuosa? Com suas legiões, o Imperador Augusto queria colocar sob domínio romano também a região à direita do Rio Reno. Certamente fazia parte dessa grande estratégia a instalação de acampamentos militares, e foi nesse local que foram encontradas agora partes da estátua dourada. A descoberta incomum de um monumento tão pomposo num simples acampamento militar permite supor que ali seria erigida uma grande cidade, mas não foi o que aconteceu: A expansão do Império Romano para o Norte encerrou-se com a “Batalha deVarus”, na Germânia, onde, há 2.000 anos ( no ano 9 depois de Cristo) as legiões romanas sofreram, pela primeira vez, uma derrota fragorosa. Os pesquisadores do Instituto Arqueológico Alemão presumem que, após o confronto, a estátua de cavaleiro, suntuosamente trabalhada, foi destruída, e a cabeça de cavalo, agora reencontrada, foi jogada em um poço.
Mesmo após serem obrigados a desistir dos planos de construir uma grande cidade naquela região, os romanos ainda estiveram presentes em outros pontos da Alemanha por mais de 300 anos. A partir do ano 306 depois de Cristo, Constantino, o Grande, residiu primeiramente em Trier (“Augusta Treverorum”), antes de seguir para Roma e, com a cidade de Constantinopla, hoje chamada Istambul, na Turquia, erigir, então, para si próprio, um monumento colossal. As cidades alemãs hoje chamadas Colônia (“Colonia Agrippina”), Bonn (“Castra Bonnensis”) e Mainz (“Mogontiacum”) originaram-se de colônias romanas. Em Trier, é possível, ainda hoje, admirar o famoso portão romano conhecido como “Porta Nigra”, uma das construções desse tipo mais bem conservadas do mundo.
A instalação de acampamentos e colônias romanas contribuiu, no âmbito da esfera de influência de Roma, para fixar mais ainda os povos germânicos na região e formar culturas urbanas. Eles se interligavam por meio de estradas interurbanas, construídas pela engenharia romana, cujos traçados são seguidos até hoje por muitas estradas modernas. Em inúmeras cidades alemãs é possível reconhecer sinais da colonização romana. É o caso das ruínas de antigas muralhas e vilas romanas com seus esplêndidos pisos de mosaico. Em alguns lugares pode-se ver até partes do “Limes”, um muro com 400 quilômetros de extensão que os romanos construíram para proteger as regiões por eles conquistadas. Ao longo de 400 anos, ele serviu como linha divisória entre culturas dentro da Alemanha. Suas ruínas foram proclamadas pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade, o segundo monumento cultural mais extenso do mundo, depois da Muralha da China.
Os romanos, contudo, não eram ativos na província da Germânia apenas militarmente. Como não queriam abrir mão de seus hábitos preferidos quando estavam longe de casa, introduziram vinhedos nas regiões do Reno e do Mosela. Em especial, acredita-se que Probo, o “Imperador do Vinho”, tenha dado um grande impulso à vinicultura nas províncias germânicas por volta do ano 200 d.C.. Ainda hoje, muitos vinicultores da região do Reno e seus afluentes promovem animadas Festas do Vinho. Dessa forma, os romanos levaram, para a Alemanha, um pouco de seu estilo de vida efusivo e de sua cultura, que marcaram, em vários aspectos, as paisagens e os costumes dos habitantes.
Fontes: www.museenkoeln.de/roemisch-germanisches-museum/www.mainz.de/WGAPublisher/online/html/default/roemischesmainz
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