quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Rota da Seda

A Rota da Seda era uma série de rotas interconectadas através da Ásia do Sul, usadas no comércio da seda entre o Oriente e a Europa.

Eram transpostas por caravanas e embarcações oceânicas que ligavam comercialmente o Extremo Oriente e a Europa, provavelmente estabelecidas a partir do oitavo milénio a.C. – os antigos povos do Saara possuíam animais domésticos provenientes da Ásia – e foram fundamentais para as trocas entre estes continentes até à descoberta do caminho marítimo para a Índia. Conectava Chang'an (atual Xi'an) na China até Antioquia na Ásia Menor, assim como a outros locais. Sua influência expandiu-se até a Coréia e o Japão. Formava a maior rede comercial do Mundo Antigo.




Estas rotas não só foram significativas para o desenvolvimento e florescimento de grandes civilizações, como o Egito Antigo, a Mesopotâmia, a China, a Pérsia, a Índia e até Roma, mas também ajudaram a fundamentar o início do mundo moderno. Rota da seda é uma tradução do alemão Seidenstraße, a primeira denominação do caminho feita pelo geógrafo alemão Ferdinand von Richthofen no século XIX.

A rota da seda continental divide-se em rotas do norte e do sul, devido à presença de centros comerciais no norte e no sul da China. A rota norte atravessa o Leste Europeu (os mercadores criaram algumas cidades na Bulgária), a península da Criméia, o Mar Negro, o Mar de Mármara, chegando aos Bálcãs e por fim, a Veneza; a rota sul percorre o Turcomenistão, a Mesopotâmia e a Anatólia. Chegando a este ponto, divide-se em rotas que levam à Antioquia (na Anatólia meridional, banhada pelo Mediterrâneo) ou ao Egito e ao Norte da África.

A última estrada de ferro conectada à rota da seda contemporânea foi completada em 1992, quando a via Almaty-Urumqi foi aberta.

A rota da seda marítima estende-se da China meridional (atualmente Filipinas, Brunei, Sião e Malaca) até destinos como o Ceilão, Índia, Pérsia, Egito, Itália, Portugal e até a Suécia. Em 7 de agosto de 2005, foi confirmado que o Departamento do Patrimônio Histórico de Hong Kong pretende propor a Rota da Seda Marítima como Patrimônio da Humanidade.




Muitas caravanas já seguiram essa rota antiga desde 200 a.C. No passado remoto,os chineses aprenderam a fabricar seda a partir da fibra branca dos casulos dos bichos-da-seda. Só os chineses sabiam como fabricá-la e mantinham esse segredo muito bem guardado. Quando eles fizeram contato com as cidades do Ocidente, encontraram pessoas dispostas a pagar muito caro pela seda.


Um gladiador greco-romano em um
vaso de vidro, Begram, século II d.C.

Os dois lados da rota aprenderam muito sobre culturas diferentes das suas, e isso expandiu suas idéias sobre o mundo.

Exploração chinesa da Ásia Central

Zhang Qian (138-126 a.C.)

O próximo passo iniciou-se cerca do ano 130 a.C., com as embaixadas da dinastia Han na Ásia Central, seguindo os relatos do embaixador Zhang Quian (que fora originalmente enviado para obter uma aliança com os Yuehzi contra os Xiong-Nu, embora em vão). O imperador chinês Wudi interessou-se no desenvolvimento das relações comerciais com as sociedades urbanas sofisticadas de Ferghana, Bactria e Pártia; O filho do vento, como era chamado, pretendia tomar alguns territórios destas civilizações e tinha as suas razões: Ferghana (Dayhuan) e as possessões da Bactria (Ta-Hia) e da Pártia (Anxi) eram grandes nações, ricas, e com a população vivendo em residências fixas e disposta a trabalhar em áreas idênticas às que a grande maioria dos chineses se ocupava. Possuíam exércitos supostamente desorganizados, e uma grande capital que incrementaria a economia da China.


Um cavalo da última dinastia Han - séculos I e II.

Os chineses tinham grande fascínio pelos cavalos altos e fortes da possessão de Dayhuan (chamados cavalos celestes), que cedia à capital da possessão uma grande importância na luta contra os nômades de Xiongnu. Os chineses fundaram várias embaixadas subseqüentes, algo próximo de dez por ano, para regiões como a Síria seleuca. Deste modo, mais embaixadas foram inauguradas em locais como a Pártia, Yancai (que depois se uniu aos Alões), Lijian (Síria seleuca), Tiaozhi e Tianzhu (noroeste da Índia). Por via de regra, muito mais de dez missões foram enviadas por ano, sendo no mínimo seis. Os chineses fizeram campanha na Ásia Central em várias ocasiões, e foram mesmo registados encontros diretos entre as tropas dos Han e os legionários de Roma (provavelmente capturados ou recrutados como mercenários por Xiong Nu), particularmente durante o ano 36 a.C., na batalha de Sogdiana. Supõe-se que a besta chinesa foi transmitida para os Romanos nestas ocasiões.

O historiador romano Florus também descreve a visita de inúmeros enviados, de entre eles o de Seres, e a visita do primeiro imperador romano, Augusto, que comandou Roma entre 27 a.C. e 14 d.C.:

"Inclusive o resto das nações do mundo que não se subjugaram ao domínio imperial estavam sensibilizadas quanto à sua grandeza, e olhavam com reverência o povo romano, o grande conquistador de nações. Deste modo, até os Cítas e Sármatas destacaram enviados para tentarem estabelecer relações de amizade com Roma. Mais, os Seres comportaram-se do mesmo modo, e os Indianos que habitavam abaixo do trópico de Câncer trouxeram presentes, pedras preciosas, pérolas e elefantes, mas o que não imaginavam no momento era a vastidão da jornada que eles experimentariam, que disseram que ocupou quatro de seus anos. Na realidade, é necessário observar a sua complexidade para perceber que eles são um povo de outro mundo que não o nosso." (A China e o outro lado, Henry Yule)

A rota da seda existe essencialmente desde o século I a.C., seguindo os esforços da China em consolidar uma rota para o Ocidente e a Índia, sendo repleta de povoados na região do Tarin Basin e de relações diplomáticas com as regiões dos Dayuan, Pártios e Bactrianos, mais ao oeste.
A rota da seda marítima foi aberta entre Jiaozhi (controlada pelos chineses, localizada no Vietnã moderno, próximo a Hanói) e os territórios nabateus na costa noroeste do Mar Vermelho. Provavelmente inaugurada no século I d.C., estende-se pelo litoral da Índia e Sri Lanka e pelos portos controlados por Roma, entre eles os principais portos egípcios.

Ban Chao

No ano 97 d.C., Ban Chao atravessou o Tian Shan e as montanhas Pamir com uma armada de 70.000 homens em uma campanha contra Xiongnu (i.e, os Hunos). Chegou a alcançar o mar Cáspio e a Ucrânia, percorrendo a Pártia, onde enviou um enviado chamado Gan Ying (segundo boatos) para Daqin (Roma). Gan Ying detalhou um estudo sobre os países ocidentais, apesar de aparentemente apenas ter chegado ao Mar Negro antes de voltar.
O exército chinês aliou-se com os Pártios e estabeleceu vários fortes a alguns dias de marcha da capital pártia, Ctesiphon, planejando vigiar a região por algumas gerações. Em 116 d.C., o imperador romano Trajano avançou à Pártia e a Ctesiphon e sitiou o território partiano por alguns dias, atingindo as guarnições fronteiriças chincesas, embora não seja conhecido nenhum contato direto.

O Império Romano e a seda

Logo após os Romanos conquistarem o Egito Antigo em 31 a.C., o comércio e a comunicação regular entre a Índia, o Sudeste Asiático, o Sri Lanka, a China, o [Médio Oriente], a África e a Europa, florescem a um nível nunca visto antes. Rotas terrestres e marítimas tornam-se rigorosamente conectadas, e começam-se a difundir pelos três continentes novos produtos, tecnologias e idéias. O comércio e a comunicação intercontinental tornam-se regulares, organizados e protegidos pelos "Grandes Poderes".




O comércio romano logo se desenvolve, auxiliado pelo entusiasmo modístico romano pela seda chinesa (fornecida pelos Pártios), ainda que os Romanos pensassem que a seda era proveniente de árvores:

"Os Seres [chineses], eram famosos pela substância lanosa que obtiam de suas florestas; depois de embeber em água, penteavam para fora as sobras brancas das folhas. Tão variado é o tipo de trabalhos, e tão distante é a região do globo abrangida, para permitir às donzelas romanas ostentar roupas transparentes em público" (Plínio, o Velho, em A História Natural)




O senado Romano decretou, em vão, vários éditos que proibiam o uso da seda como roupa, por motivos econômicos e morais: a importação da seda Chinesa provocava uma grande fluxo de ouro para fora do Império, e as roupas de seda consideraram-se decadentes e imorais:

"Eu posso ver roupas de seda, como se materiais que não escondem o corpo e não têm nenhuma decência pudessem ser chamados de roupas. Multidões de donzelas ordinárias trabalham para que possam ser vistas como adúlteras através destes vestidos finos, e para que os seus maridos não tenham mais conhecimento sobre o corpo delas que qualquer outro estranho ou estrangeiro." (Sêneca, Declamações vol. I)

Os registros de Hou Hanshu contam que o primeiro romano enviado à China, chegou em seu destino através da rota marítima em 166 d.C., iniciando uma série de lista de embaixadas romanas na China.

.:: Wikipédia

Um comentário:

Unknown disse...

A seda chinesa era compacta e nao transparente,li sobre isso em um livro sobre tecidos,os romamos teriam os desfeitos e refaziam.