As diversões de que dispunham os Romanos de todas as classes eram cada vez mais elaboradas
Em Abril, cerca de 250 000 pessoas iam ao Circo Máximo para ver corridas de cavalos e de carros – que tinham a sua origem nos rituais oferecidos a Ceres, deusa dos cereais, mas esquecidos nos tempos imperiais. Mas as emoções destas perigosas competições eram ultrapassadas pelas sangrentas batalhas no Coliseu, onde homens lutavam com animais selvagens (e cada vez mais exóticos), em venationes (caçadas), ou pelas lutas de gladiadores. O retiarius, com a sua rede e tridente, e o secutor (perseguidor), com um escudo e uma espada; o desarmado mas ágil mirmilo; o hoplomacus com um escudo gigante; o laquearius com o laço; Os Trácios armados, ao estilo da Trácia, com espadas pequenas, como foices – os tipos standard de gladiadores recordavam os inimigos da antiga Roma, agora dominados e lançados uns contra os outros na arena, para entretenimento dos seus conquistadores.
Muitos gladiadores eram profissionais (há mesmo o caso de cidadãos das classes altas que escolheram voluntariamente essa carreira, talvez devido à excitação que lhe estava associada), mas também os criminosos eram por vezes condenados ao papel de gladiadores como forma de punição. Para muitos gladiadores, a carreira era uma pena de morte: poucos sobreviveram para se reformarem e tornarem-se treinadores.
Os Romanos parecem ter tido uma sede insaciável pelo espectáculo, despendendo enormes somas de dinheiro e engenho em efeitos especiais e organização de espectáculos. Num espectáculo no reinado de Sétimo Severo no início do século III, um enorme modelo de uma baleia era arrastado pela arena e abria a boca para lançar 50 ursos contra um grupo de bestiarii (caçadores), armados de pequenas espadas os naumachiae eram acontecimentos realizados em estádios especiais, com aquedutos construídos propositadamente e drenagem, que permitia que as arenas fossem inundadas ou secas quando se quisesse. Estes acontecimentos, cujos custos de produção não foram igualados até que Hollywood os recriou, tinham a forma de batalhas navais em que os intervenientes eram criminosos – com real derramamento de sangue. Estes espectáculos mostram os Romanos no seu melhor e no seu pior, tanto nos sucessos tecnológicos como na crueldade.
Nas suas origens de ritual sagrado, oferecer sangue apaziguava os espíritos dos mortos e as lutas de gladiadores tornaram-se uma afirmação da superioridade romana sobre os seus inimigos bárbaros – e por fim uma gratificação profana dos gostos mais sanguinários dos romanos civilizados.
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